sábado, 8 de setembro de 2012

Seleção vaiada. Público ou torcedor?

Você assistiu Brasil x África do Sul? Não? 
Antes de entrar no X da questão e na temática do post, vou logo lhes dizendo que nada foi perdido. O que vimos em campo foi uma seleção perdida, sem tática, sufocada pelas vaias e sem inspiração.

Entrando na temática do post. Vamos lá!

Eu prestei bastante atenção e a primeira vaia veio com 1 minuto e 44 segundos de bola em jogo. Poxa! Foi algo premeditado? Como não lembrar que em 1993 a arrancada para a classificação veio naquele jogo no Recife? Salve o engano, contra a Venezuela ou Bolívia.

Parece que o destino é fugir dos grandes centros não pela inexistência do público, mas pelo fato de que se o jogador do time X pegar na bola, a torcida do rival Y, vai vaiar. Isso culmina com a não identificação com a seleção. A atmosfera para o jogo foi preparada desde antes da partida. Seria a situação perfeita para execrar o técnico Mano Menezes e vaiar a maior estrela e esperança dos reais torcedores da seleção, o jovem Neymar.

O torcedor pagou caro, muito caro para ver um espetáculo. O preço mais barato, de R$ 80 reais deu ao pagante o total direito de exigir um show. Mas qual era o verdadeiro pagante que foi ao Morumbi (São Paulo)? Era apenas público que estava ali em detrimento de um show e, como tal, queria apenas se divertir com a desgraça? Ou era o torcedor da seleção que mesmo sob forte desconfiança ainda queria ver seus ídolos de perto?

Será que os brasileiros perderam o total interesse pela seleção? Ou apenas só importa a copa do mundo?
Ficou visível e perceptível o contraste entre os torcedores, os expectadores e a turma da corneta. Jogar em São Paulo implica dizer que se um possível jogador do Palmeiras receber a bola vai tomar vaia? Em que contexto se encaixa “a pátria em chuteiras” do Nelson Rodrigues? Foi esfacelada?

Muitos repudiam o futebol por achar que o brasileiro só se sente brasileiro em copa do mundo e, sendo assim, demonstra o seu amor pela nação. Estou longe de dar aula de história. Mas aqui vai um pequeno adendo: na época da ditadura a nossa música foi censurada, o teatro foi reprimido, a liberdade de expressão foi inexpugnavelmente  perseguida. O futebol foi um sentimento de liberdade. Pois nele encontrava-se a nossa alforria. Vários jogadores protestaram através dos seus atos dentro de campo e compraram essa briga. Assistir a seleção era como ter vida própria, ter algo como seu. Não somos brasileiros só por causa do futebol. Mas o futebol nos tornou mais brasileiros em uma época em que não sabíamos mais quem éramos.

Voltando ao ponto. E a “dona” CBF hein?! Promessas eternas de uma reaproximação da seleção com o povo. Mas não duvido que por trás desse morumbi de vaias tenha um Mano ‘frito’, exposto e sendo jogado aos leões como divertimento para o público que queria ver espetáculo. Cheira a Roma antiga.

Não acredito que exista tanta repulsa com a seleção. Ok! Não fechemos os olhos diante dos dois anos pouco proveitosos. Não nos enganemos com esquemas que deixam os jogadores feitos baratinhas tontinhas em campo. Não deixemos de ter opinião própria. Mas será mesmo que a chuva de vaias veio oriunda apenas do mau resultado? Como antes salientei, os primeiros burburinhos ecoavam com menos de dois minutos de partida.

Muitos pedem a cabeça do Mano. Porém, a maioria dos que vaiaram, são os mesmos que pediram a cabeça do parreira em 1993, luxemburgo em 2000, felipão em 2001 (por não convocar o romário)…muitos, não duvido, que sejam os mesmos.

Adoraria ver a seleção jogando bem. Não precisa dizer que é preciso jogar como a Espanha. Nós somos cinco vezes campeões do mundo. Claro que o momento atual é espanhol. Mas eu só queria um jeitinho brasileiro sem tantas desculpas após os jogos. Eu só queria ver e rever a seleção jogar bem como fez algumas vezes desde que vesti a minha primeira camisa canarinho, em 1993. Isso é pedir muito?

A Copa que vai ser jogada em casa pode ser um tremendo de um tiro no pé.  Após a copa de 2010 a entidade máxima do nosso futebol prometeu que traria o time pra jogar perto do nosso torcedor. Poucas vezes isso aconteceu. O que era pra ser uma reaproximação virou um distanciamento ainda maior.

Não estou aqui fazendo o papel do advogado de defesa da seleção. Jogou mal. Não mostrou evolução alguma. Porém, a maioria que esteve no Morumbi foi no intuito de ver uma comédia para dar boas risadas. Viu a tragédia sendo feita e, como público, também deu risada daquilo. O verdadeiro torcedor não faria isso de forma tão leviana. 

Os que vaiaram Neymar eram tocedores sim. Mas dos times rivais. Os que vaiaram Damião e pediram Luís Fabiano também eram torcedores. Torcedores do São Paulo. Lembrando que o enaltecido Luís Fabiano foi aquele que não nos trouxe a copa em 2010. E o torcedor da seleção brasileira? Onde esteve? Talvez estivesse envergonhado de todo esse jogo de interesses, amistosos caça-níqueis, de interferências nas convocações. O verdadeiro torcedor perdeu o interesse. Mais vale escrachar e tirar um sarro da tragédia.

O que se viu no Morumbi foi um público presente (em sua grande maioria) já com o intuito de vaiar. Outra parte nem  sabe o que é futebol. Mas como diz a música: "aonde a vaca vai, o boi vai atrás". Vi no Morumbi: meia dúzia de torcedores, uns mil querendo show, um grupo de cornetas e um coro de público.

Lembrando, mais uma vez, que a seleção foi digna de vaias. Por sinal, justíssimas. No entanto, o cenário pré-jogo já indicava o que estava por vir. 

A reaproximação só vai vir quando todos estiverem prontos para atuarem como torcedores. O cenário vai estar pronto quando a CBF deixar de fazer jogos da seleção brasileira como se fosse seleção estrangeira. Afinal de contas, a copa vai ser em casa ou fora?




 


 



Um comentário:

  1. Não concordo com o comportamento, quem se dá ao trabalho de ir deve ir pra apoiar ou, pelo menos, começar apoiando. Eu particularmente perdi o interesse pela seleção desde 2006. Por causa da CBF? Sim! Por causa da FIFA? Sim! Por causa dos jogadores? Principalmente. Com todas as cagadas que todos esses fazem (e sempre fizeram) era função dos jogadores realmente botarem em prática a tal "honra em vestir a amarelinha". Mas não, é mais fácil jogar no Chelsea, no Barcelona, mesmo no Corinthians ou no Santos. Lá tem salário grande, lá tem proposta chegando toda semana e baba-ovo por todo lado. Pra jogar na seleção sempre faltou organização, planejamento e outras coisas... o problema é que agora, como em muita coisa na vida, tá faltando amor pra fazer as coisas.

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