quinta-feira, 27 de junho de 2013

Espanha: concentração e força mental



É da sapiência de todos que a Espanha é a melhor seleção do mundo. Pode-se questionar se o toque de bola deles é bonito ou chato de se ver. Mas isso vai do gosto de cada um. O Tiki-Taka espanhol, que por muitas vezes coloca o adversário em uma roda de bobo, é a forma de manter a bola sob o seu domínio e, dessa forma, controlar a partida no ritmo que eles desejam.

A tônica nas discussões sobre o estilo da “Roja” jogar é: como pará-los? Avançar a marcação é o ideal? Marcar pressão na saída de bola é válido? Jogar recuado e esperar os contragolpes é o caminho? Podem observar que várias teses irão surgir. O técnico que conseguiu, de certa maneira, abalar esse estilo de jogo e incomodar o Barcelona, foi José Mourinho. Após levar algumas surras, percebeu que não adiantava correr para dar o bote já que os “caras” iriam ficar com ela (bola) de qualquer maneira. Uma das soluções para surpreender foi: compactar a defesa e sair com muita velocidade na hora de atacar, sempre mandando bolas nas costas dos laterais. O Bayern "aprendeu" e massacrou.
Mediante isso, várias seleções passaram a entender e a adotar essa postura. Porém, a Espanha continua a ganhar, ganhar e ganhar. Qual a razão? É um debate muito extenso. Mas um dos fatores que fizeram a Espanha começar a vencer foi a concentração e a força mental. Indo mais além, podemos pegar o exemplo das seleções de futsal e basquete da Espanha e do tenista Rafael Nadal. São atletas que sabem o que fazer na hora do aperto e não se desesperam. Se você tem esse ingrediente a mais, a vitória fica ainda mais próxima de ser alcançada.

Em recente entrevista a um canal de TV, Marcos Senna, ex-jogador da seleção, relatou que até a copa de 2006 o time chegava como favorita e entoava a soberba na hora de jogar. Tanto que, várias gerações promissoras foram caindo em Eurocopa e Copa do Mundo. Com Aragonés e Del Bosque a coisa mudou. O nível de concentração é alto em todas as partidas. Os jogadores, quando sentem a adversidade no jogo, sabem como agir e alternam o esquema dentro da partida e o ritmo que ela necessita. Mas eis um teste que eles ainda não passaram: vocês lembram a última vez que a Espanha saiu atrás no marcador em mata-mata?

Na Copa das Confederações de 2009, contra os Estados Unidos, os espanhóis tiveram dificuldades para furar o bloqueio estadunidense. Saíram atrás no marcador e tiveram que ir para o tudo ou nada. Há quem diga que esse torneio não serve como parâmetro, mas aguça essa hipótese do: quebrar o aspecto psicológico e tirá-los da zona de conforto.

(Esp x EUA - 2009)
 
Excluindo esse jogo em 2009, já são 10 partidas de mata-mata que o time não sofre gol. O último gol que eles sofreram foi na Copa de 2006, quando perderam para a França, nas oitavas de final, por 3x1. Eis a brecha que muitas seleções esperam. No entanto, algumas tiveram a chance, mas falharam. Contra equipes mais fortes tecnicamente e preparadas mentalmente, não se pode vacilar.

OPORTUNIDADES PERDIDAS

EURO 2008

Em uma partida bastante equilibrada contra a Itália, nas quartas de final, a seleção de Aragonés atacou, mas também escapou de sofrer gol. O 0x0 levou a partida para os pênaltis e Casillas foi herói.
http://www.youtube.com/watch?v=Uq8CA0oWvFc

COPA 2010

Ninguém esperava que o Paraguai fosse endurecer tanto a vida da Espanha como fizeram. O atacante Cardozo teve a chance de fazer história e perdeu a penalidade. 

 
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=dmH9aXQNNz0
Ainda pelo Mundial, já na grande final, o holandês Robben teve duas grandes chances de fazer o gol do título. Mas, por preciosismo e bom posicionamento de Casillas, não soube aproveitar.


Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=2QrUo-sB1j8
EURO 2012

Portugal marcou forte no meio de campo e saiu com muita velocidade na hora de atacar. Cristiano Ronaldo teve duas boas oportunidades para acabar com a hegemonia espanhola, mas acabou desperdiçando as chances que teve. 
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=2S_sjFmfVgk

As partidas ilustradas foram todas válidas pelas fases finais dos torneios. Mas podemos lembrar das partidas contra a Suécia (2008), Suiça (2010) e Itália (primeira fase 2012). Jogos em que foram tirados da zona de conforto e precisaram ir para cima. Sendo assim, dando alguns espaços.
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=mYWtYOwMwLE

OBS: A última vez que saíram atrás no marcador em mata-mata foi na Euro 2000, quando perderam para a França por 2x1.
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=X0zspvvhjZU

Não é o caminho mais preciso e nem vai levar a melhor seleção do mundo a perder partidas seguidas. Mas, para minar a Espanha e incomodá-los, é fundamental mexer com o emocional deles, fazê-los passar por situações que não estão acostumados a vivenciar e chamá-los para o toque mais rápido (desesperado). O aspecto mental é muito importante em todo e qualquer esporte.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Bate-Bola com a Lilian Cristine



Boa tarde, leitores!

Hoje o papo é com a Lilian Cristine. Apaixonada por futebol, torcedora do Flamengo (RJ) e apaixonada pelo Bayern de Munique (ALE) e Barcelona (ESP). 

 

 Mais uma vez: o intuito desse bate-bola, bem como outros que fiz, é o de acabar com preconceitos e estereótipos no que concerne o espaço da mulher dentro do mundo esportivo. Espero que vocês gostem, curtam e, quem sabe, compartilhem a ideia com outras amigas. Indo além: com amigos que ainda insistem com essa baboseira de que lugar de mulher é na cozinha.  

- Como e quando surgiu a paixão pelo futebol? 

Meu pai foi jogador de futebol aqui no Rio. Jogou na década de 60, no Bonsucesso. Mas por conta de uma contusão nas costas, não prosseguiu na carreira profissional. Minha mãe jogou futsal(na época, futebol de salão), como goleira. Mas era amadora. Com isso, não fica complicado amar o futebol desde cedo, rs. Inclusive, tem uma história que a minha mãe me contou que, ao dizer que estava grávida de mim, perguntou se ele queria um menino ou menina. Meu pai respondeu que não tinha preferência, pois iria levar ao futebol do mesmo jeito. Amar o futebol vem desde sempre. E a partir de meus quatro anos de idade, comecei a ir aos estádios com meu pai. A princípio, era vascaína como ele. Mas aos oito anos me tornei rubro-negra, como minha mãe.

- Certa vez, você me contou que esteve naquele Brasil x Uruguai (1993), quando o Romário acabou com o jogo. Você pode descrever a emoção daquele dia? 

 Nossa! Aquele dia foi emocionante. Eu tinha uns 7 anos de idade. Fui com meus tios e minha prima que estava de férias no Rio. Estava animada, feliz, por pela primeira vez poder ver a seleção de perto, com o Romário jogando. Levamos quase 2 horas para entrar no estádio. Filas enormes, muita gente. Não sei ao certo o número exato de torcedores naquele Maraca, mas o público foi alto. Para uma criança, imagine a emoção em ver aquilo tudo. A torcida estava junto com a seleção. Jogo decisivo para ‘carimbar’ o passaporte até a Copa de 94. Tudo sem o "pieguismo" que se é propagado hoje em dia, mas com alegria, animação. Um fato engraçado: enquanto estávamos na fila, o ônibus da seleção uruguaia chegou e foi ‘recebida’ com vaias, e gritos de ‘vocês vão perder’. Me lembro que olhei no rosto de um dos jogadores, totalmente incrédulos, e esboçaram alguns risos de deboche. Mas não teve jeito. Romário acabou com o jogo e conseguimos a nossa classificação que, meses depois, nos deu o nosso 4º título mundial.  Meu primeiro título de campeã do mundo.


- Como frequentadora do Maracanã, o que você achou do “novo estádio”? Ficou realmente desfigurado?
 
Ainda não tive o prazer de ir a essa ‘novo’ Maracanã. Mas farei isso nessa Copa das Confederações. Acompanhei, praticamente de perto, uma parte do período de obras, por praticar natação no Parque Aquático Julio Delamare, que fica(va) ao lado do estádio que foi desativado afim de atender a uma das solicitações da FIFA. Na verdade, e pelos relatos que já ouvi de alguns chamados saudosistas, o estádio não tem mais aquela alma de antes. Do lado de fora, continua a mesma coisa. Mas por dentro, perdeu o seu charme original. Claro que sou a favor de mudança, mas eu que sempre fui uma das defensoras de não destruírem o Maracanã, após ver a ‘farra’ que foi feita com dinheiro público, para essa “Reforma”, acredito que deveriam ter feito um novo estádio com dimensões que atendessem a Fifa. Na Barra da Tijuca, por exemplo. 

O Maracanã é um local para nós, cariocas amantes ou não do futebol quase sagrado. Lindo, mágico, bem centralizado, e pelo que se vê, foi reformado às custas de se acabar com o Célio de Barros, do Parque Aquático Julio Delamare(que atendia não só aos moradores da área, mas que tinha projetos sociais para crianças portadoras de necessidades especiais e idosos), e o pior, daEscola Municipal Friedereich. Tudo isso para atender aos interesses sabe-se Deus de quem. Do povo, povão mesmo é que não deve ser. Com o alto custo dos ingressos, os ‘geraldinos’ não serão mais vistos com seus radinhos de pilha e suas roupas características. Vejamos se ao ‘abrirem’ o estádio, após a Copa das Confederações, rubro-negros, vascaínos, tricolores e botafoguenses, poderão dar um pouco de brasilidade carioca, e alma ao novo estádio do Maracanã.

 - Falando em Copa do Mundo agora. Quais os maiores problemas que iremos passar em relação aos estádios (e seus entornos)? E quais seriam os pontos positivos? 

A idéia que se propagou, para ‘vender’ a Copa a todos nós, brasileiros, foi a de que teríamos estádios modernos e seguros, que atendessem as exigências da Fifa, com lugares confortavelmente marcados, lanchonetes e banheiros com higiene. Quanto a isso, creio que tirando alguns pontos complicados, devido a pressa na conclusão das obras, as coisas estão indo bem. Com o tempo o brasileiro se acostumará a ter seu lugar marcado, a exigir bom atendimento nesses locais. Os estádios precisam ser funcionais. Atender ao público fora do momento futebol. 

Para mim, o problema quanto aos estádios, foi a demora no começo das obras, devido a ‘burrocracia’, que nos domina. As chamadas licitações demoraram séculos, impedindo que antes de um ano e meio, antes da Copa das Confederações, estivéssemos com praticamente metade das obras prontas. Se de certa forma sabíamos que éramos quase os únicos no páreo( a ideia da Argentina em fazer uma Copa em conjunto foi rechaçada), muito por conta das facilidades dadas pelo Governo Brasileiro no documento de intenções passado a Fifa, devíamos já quase no final da Copa de 2010, estarmos com as obras sendo realizadas. O Governo do estado do Rio cedeu a pressões sentimentais, na época de alguns times (inclua o Flamengo nisso), de que sem o Maracanã, onde o Flamengo jogaria? No final, nos viramos indo para Volta Redonda ou ao Engenhão. Quanto ao aspecto externo: creio que na melhoria dos equipamentos públicos, além da mobilidade, através dos transportes, melhoria na telefonia. Só sentiremos isso após essas competições. O dia a dia é que dará a nota 10 ou 0 para as obras que foram feitas.

- Quais seleções você apontaria como favoritas ao título? Por quê? 

 Se formos colocar como favoritas, teremos que começar pelas as campeãs mundiais. Brasil, Itália, Alemanha, França, Espanha, Inglaterra e Argentina saem na frente das outras. Retiro o Uruguai desse seleto grupo, por ela não estar num bom momento, inclusive nas Eliminatórias sul-americanas.

 Mas é claro que as mais favoritas são mesmo Alemanha, Espanha e Argentina. Essas eu apontaria como favoritíssimas. A Alemanha, por ter uma geração, muito jovem, com jogadores habilidosos, extremamente técnicos, e aplicados taticamente. A final da última Champions League demonstrou a força do futebol alemão. Mas creio que o ponto crucial é saber se o Joachim Löw saberá fazer com que a equipe seja decisiva. Seria a tal mudança de chip. Nas últimas competições fiquei decepcionada com eles. No momento de decidir, ela foi aquém das expectativas. Foi assim frente a Espanha, na final da Euro de 2008, nas seminal da Copa de 2010 , contra a mesma Espanha agora recentemente, contra a Itália, na semifinal de 2012. Essa Copa no Brasil para mim será decisiva. 

A Espanha é atual campeã mundial e atual campeã europeia. Isso a credencia diretamente a ser campeã de novo. Além de ter jogadores tecnicamente fantásticos, tem uma espinha dorsal mantida por Barcelona e Real Madrid, e favorece esse bom entrosamento. E a Argentina de Messi...finalmente deram ao craque argentino um esquema de jogo e companheiros aos quais ele se sente confortável para mostrar seu lindo futebol.  E o Brasil? Não é favorito? Sim, para mim deve-se respeitar o Brasil não só pelos seus 5 títulos, mas pela Copa ser em casa. Sem demagogia, nem pieguismo. Claro que o momento é de reconstrução, renovação, paciência. Mas Copa do Mundo são 7 jogos extremamente decisivos. Se o Brasil ganhar ‘corpo’ na Copa das Confederações, e fizer bons amistosos até a Copa, com boas vitórias, mesmo não tendo o talento das seleções, anteriormente por mim citadas, chega como favorita sim.

- Retratando o Flamengo. Quando surgiu esse amor? Quem é o seu maior ídolo?

Nossa! Como disse anteriormente, cresci numa família que sempre amou o futebol. Meu pai é vascaíno, por isso mesmo, sempre ia aos jogos do Vasco. Com uma tia e mãe, rubro-negras, sempre via os jogos do Flamengo também. Só que lá pelos meus 8 anos, não me pergunte o porquê, mas me apaixonei pelo rubro-negro. E desde então, nem em sonho penso em outro time no Brasil que não seja o Flamengo. Uma vez Flamengo, sempre Flamengo. Não gosto muito dessa palavra ídolo, porque me remonta a alguém que não tem defeitos. Tá bom que para quem gosta, defeitos não existem mesmo, rs. Mas homens (seres humanos) são falíveis, e por isso, tenho parcimônia no uso dessa palavra. Mas o maior de todos para mim, mesmo não tendo visto jogar, sempre será Arthur Antunes Coimbra: Zico. 


- De momento, quais as suas expectativas em relação ao Flamengo no Campeonato Brasileiro?

Sempre fui uma das que pedia mudanças no comando do Flamengo. Essa falta de organização e planejamento no clube sempre me irritaram. O Clube de Regatas Flamengo é um caldeirão. Um clube cheio de forças ocultas, e que em certos momentos transformam o clube numa bomba-relógio, prestes a explodir nos momentos mais impróprios.Transformando o time num caldeirão de incertezas. O mau planejamento de antes, com compras de jogadores muita das vezes midiáticos, e que vinham para o clube como salvadores da pátria, mascaravam a péssima gestão que existia no clube. A coisa ia bem por um, dois, três meses, talvez até quatro, mas depois a falta de pagamento de salários(fato recorrente), sempre ‘azedava’ tudo. E o bom ambiente ia por água baixo. E lá vinham as forças ocultas tumultuar tudo. 

 Bom, sinceramente eu confio nessa diretoria. Fui umas das que através da internet, deu seu total apoio. Pela primeira vez, em anos, se tem uma diretoria que recorre a máxima de pagar seus compromissos em dia, rechaçando de vez a fama de clube caloteiro e mau pagador. Isso é uma mudança. De postura, ideologia, e para o clube é bom. Mas a política adotada do time: bom, bonito e barato, com um ideal de que só em 2015, o time iria em busca de títulos, sucumbiu, a um péssimo começo de temporada no Brasileiro. Não tem como no Flamengo ter um ideal de títulos só em 2015, quando estamos no meio do ano de 2013. Muito longe. E lá vamos nós mudar de técnico. Sai Jorginho, custo baixo, e entra o renomado Mano Menezes. Para essa mudança dar certo, o Mano precisará de boa mão de obra. Fazer milagre, e tentar vaga na Sul Americana, com jogadores medianos, não tem como. Essa diretoria terá que se mexer e mudar seus planos. Por mais incoerente que possa ser. Mas não peça coerência no Flamengo, isso é fato raro. Espero que essas mudanças sejam o caminho para um novo momento no rubro negro. Títulos? Esse ano? Não...quem sabe em 2014, rs. Mesmo assim uma vez Flamengo, sempre Flamengo.

- Sabemos que as mulheres ainda tentam quebrar alguns preconceitos/estereótipos no futebol. Como você lida com a situação em seu dia a dia? 

Sinceramente, nunca tive problemas com o preconceito aqui em casa. Sou de uma família de esportistas. Desde os meus 10 anos pratico esportes de competição. Esse sentimento de preconceito, ‘de mulher não pode gostar de futebol’, nunca existiu aqui em casa. Ao contrário. Quando pequena sempre fui ajudad, por todos, nos meus álbuns de figurinhas de times e campeonatos, rs. Quem me conhece há pouco tempo, descobre o meu conhecimento pelo futebol. Sou uma pessoa que estuda muito sobre futebol. Leio, vejo e ouço programas do esporte e isso facilita a não falar bobagens. Adquiri respeito de meus amigos. E olha que adquirir respeito de homens, sendo mulher e falando de futebol, é para poucas.

- O futebol brasileiro é tão inferior ao europeu? O que nos falta (taticamente falando)?

Não acredito que sejamos inferiores. Essa coisa de que tudo que está na Europa é melhor, é muito relativo, viu. Creio que o que nos difere seja a postura como o futebol é encarado por lá e por aqui. Não tem como falar taticamente sobre futebol sem que tenhamos que falar sobre o que acontece ‘fora das quatro linhas’. Uma coisa está atrelada a outra. Exemplo: postura de investimentos em valores, com bons trabalhos na base de todas as equipes, pelo país. Creio que a nossa estrutura de futebol é que impossibilita o melhor que temos a oferecer. Não tem como, um bom jogador surgir e mostrar seu talento, quando não se tem um investimento na divisão de base, como há no Barcelona por exemplo. 

No Brasil, o garoto sabe que sendo talentoso, ele irá tornar-se arrimo de família. Sustentará pelos menos umas 6 ou 7 pessoas. Além disso, vivemos um momento de escassez de ídolos, e isso faz com que pareça que estamos em defasagem em relação a Europa. Lá há um investimento mesmo em tempos de crise econômica, na aquisição de talentos, para formarem não times, mas verdadeiras seleções. Isso traz um diferencial em campo. Os técnicos arriscam mais, os jogadores são mais comprometidos com as táticas do times. O ruim que ainda acontece aqui, é que muitos ainda acham que somos os melhores...e infelizmente essa gente está na direção do futebol no Brasil. Fica complicado.

- Quem já teve o prazer de conversar com você, pode perceber sua relação com o futebol Alemão e espanhol. De onde vem tal ligação? 

Como sempre gostei de futebol, tive a curiosidade de assistir aos jogos de equipes de fora do Brasil. Comecei a assistir primeiramente o "Calcio", que na época passava na Band. Todo domingo estava eu lá, na frente da tv. Foi aí que peguei a dinâmica do futebol internacional. Já os jogos tanto da Espanha como da Alemanha que passavam na TV Cultura, eram retransmitido pela Tv Brasil (antes TVE), aos sábados. Depois disso, não parei mais de ver e.e resolvi escolher, através do coração, meus times para torcer. 

- Ainda abordando Espanha e Alemanha: explique como surgiu a paixão pelo Bayern de Munique e Barcelona. Cite alguns ídolos dos clubes. 

Como disse anteriormente, acompanho as ligas europeias há bastante tempo. Mas torcer certamente, o Barça foi o primeiro time que realmente eu torci, a princípio. Aos 8 anos de idade me apaixonei pelo Barça, na época treinado pelo lendário Johan Crujff, e tendo em seu elenco Romário, Stoichkov, Laudrup, Koeman, entre outros. Ficava complicado não amar aquele time, rs. Desde essa época, sou culé. Com o tempo, pude ter mais contato com a história do clube e conhecer melhor os jogadores que defenderam as cores blaugrana. No Barça, eu tenho meus jogadores ‘idolos’: Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Romário, Koeman, Puyol, Busquets, e Messi.

Serei sincera, como sempre. Há muito tempo assistia aos jogos da Bundesliga, mas não tinha ainda ‘escolhido’ nenhum time. Meu primeiro contato com o Bayern foi na Champions de 2001, onde os bávaros ganharam seu 4º título. Mas acredito que o meu lado bávaro nasceu mesmo de um momento de tristeza. Quando vi aquela final do Bayern contra a Inter (2010), talvez tenha sido a questão do time estar enfrentando um time que havia eliminado o Barça, nas semi, e comecei a ‘torcer’ por eles. Depois disso, assistindo aos jogos dos bávaros, fui me encantando pelo clube, sua história e principalmente sua forma de gerir uma entidade tão grandiosoa. Mas acho que o momento mesmo, foi a temporada passada, 11/12. Imagine alguém em sã consciência torcer, para um time, que perde três títulos...essa sou eu, rs. Acho que o Bayern me conquistou naquele momento. Foi triste, mas a força de um "SuperBayern" vieram dessas decepções. Acredito que as alegrias dessa temporada 12/13 foram uma recompensa jamais vista em nenhum clube aos seus torcedores. Como estou ‘engatinhando’ na minha vida bávara, falarei os ídolos atuais e os mais conhecidos: o Kaiser, Franz Beckenbauer, Karl-Heinz Rummenigge, Khan, Ballack, Schweinsteiger, Ribéry, Lahm. 

- Pep Guardiola no comando dos “Bávaros”. O que será preciso fazer para ele cativar a torcida? Você acredita que o Bayern ainda possa evoluir?
 
Em dezembro, quando foi anunciado o nome de Guardiola, fiquei imensamente feliz. Achava que o Bayen havia feito uma jogada de mestre ao contratar o técnico que todos queriam e que poderia fazer com que o Bayern entrasse num outro patamar. Mas notei, que a partir desse momento, o srº Heynckes e o Grupo, fizeram com que essa temporada fosse inesquecível. 

Creio que esse anúncio foi o ‘combustível’ necessário para levar o time ao patamar jamais visto por um time na Alemanha. O grupo e o técnico se superaram, e pulverizaram recordes.
Mesmo assim, acredito que a vinda de Guardiola será muito boa, já que poderá melhorar o que está bom. Será necessário que ele ceda em alguns pontos. Como acredito que o time também deverá ceder. Só tenho receio de certas ideias, como volante atuando de zagueiro, o falso 9...isso me dá calafrios. Creio que ele mesmo, após ter na sua última temporada pelo Barça um decepcionante final, voltará seguro. Mas bem menos, Profº Pardal, rs. Ele é inteligente e isso será ótimo para o Bayern. O time é maravilhoso. Talvez precise de certos ajustes, mas mudanças bruscas ele não deverá fazer, pelo menos até mostrar que isso seja necessário. Na primeira temporada acredito que as mudanças serão pequenas. Se ele conseguir que o Bayern renove os títulos dessa temporada, terá uma semi-carta branca para fazer mais mudanças. Mesmo assim, creio que apagar a figura cativante de Jupp Heynckes, frente a um grupo tão unido, não será possível. Certas coisas são vencidas com o coração, e não com apenas títulos. Só quem sabe o perrengue que foi ver o time perder três títulos, e mesmo assim se renovar e se reestruturar, para ir à luta de novo. O time e o srº Heynckes foram recompensados no final. 

- Neymar no Barça. Você gostou? Qual a posição ideal para ele? Quais os pontos positivos e negativos da contratação? 

Gostei muito. Apesar da ‘aura’ de certa raiva e ódio que cercam esse rapaz, por uma parte pequen,a mas significativa, da "cullerada", torço para que ele dê certo, com a camisa blaugrana. Creio que ele não deve ter posição fixa. Isso pode fazer com o seu diferencial seja abortado. Deixem ele jogar com o Messi e renderá bons frutos. Craque gosta de jogar com craque. Craque reconhece outro craque. Creio que o positivo nessa contração, para o Neymar, seja tirar dele essa história de que não sabe jogar contra adversários internacionais...ele terá experiência. E isso às vésperas de uma Copa do Mundo, é muito bom. No Santos, ele era o dono do time. No Barça, terá que ser coadjuvante e saber lidar com a posição de escada para Messi. Traz a ele uma certa humildade que precisa existir nos diferenciados. Pontos negativos? Só se ele achar que é mais do que é realmente...se ele se achar maravilhoso, ainda sendo bom, pode correr o risco de sucumbir.

- Quem é o melhor jogador do mundo? O que o diferencia dos outros? 

Messi, sem dúvida alguma. Por suas qualidades individuais, poder de decisão, criatividade, humildade. Seus números pessoais são inigualáveis. Um diferenciado, como foi o Pelé.  

- Qual a importância do esporte para o âmbito social em nosso país?

Não vejo o esporte como algo que vá mudar radicalmente um país. Cuba, por anos, teve isso como meta, ser uma potência se utilizando do esporte, e hoje sucumbe, por falta de investimentos.

Acredito no esporte como forma de inserção social em conjunto com a educação. Aliar o esporte a vida das pessoas é essencial para se mudar um país. Nada mais bonito do que além de formar homens e mulheres (atletas), formarmos cidadãos.

- Monte um time dos melhores jogadores que você viu jogar. 

Buffon, Cafu, Maldini, Koeman, Lizarrazu, Pirlo, Zidane, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Baggio, Messi e Romário.  

- Quais os principais motivos para a perda de identidade do torcedor para com a seleção brasileira? 

Uma vez li que brasileiro não gosta de torcer e sim de ganhar. E é isso mesmo. O povo prefere aquela seleção que ganha. Torcer dá trabalho. Quando o time não está bem, você se estressa, fica triste, chateado. Tem que engolir as gracinha dos outros. Time que ganha, é mais fácil, tá na mídia, todo mundo admira. Puxa saco. Seria a lei do menor esforço. Vejo gente que ama certos times e seleções, só por ganharem. Não conhecem a história, hino, grandes ídolos e se bobear nem sabem o idioma. Apenas por estar na mídia. Triste, mas é um fato.

- Lilian, desde já agradeço a sua disponibilidade. Qual o recado que você daria para as meninas que ainda sentem receio em expor as suas colocações sobre futebol? 

Nossa, Raniery! Obrigada a você pela chance de falar um pouco mais desse esporte que tanto amo. Creio que as meninas devam seguir seu coração. Se gostam de futebol, estudem sobre seus times e seleções. Nada mais legal, em conversar com alguém apaixonado por seu clube, mas que possuem conhecimento. Se aprimorem, não fiquem apenas no aspecto físico. Os jogadores são lindos, mas isso limita muito a conversa. Vejam bons programas de mesa redonda. E continuem amando o futebol.