quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Bate-bola com o Andrey nazário


O bate-bola de hoje é especial. Goleiro e paredão do América, Andrey Nazário me deu a honra de publicar a entrevista. Mesmo com alguns imprevistos de saúde, que a nação alvirrubra conhece, nosso goleiro foi muito solícito e atencioso. 

- Como foi o início da sua carreira? Conte-nos a sua trajetória.

Tudo começou na escolinha do Grêmio (RS), em 1991, com meus sete (7) anos de idade. Foram longos 14 anos de tricolor gaúcho, onde fiz a minha estreia pelo time profissional com apenas 17 anos.

Já em 2005, fui para o AtléticoPR, mas, sem muitas oportunidades, acabei sendo emprestado ao Figueirense, em 2006. A passagem foi marcante porque fizemos a melhor campanha do clube  na história da séria A. Após os bons jogos, fui vendido, em 2007, ao Steua Bucaresti (Romênia), onde fiquei por apenas um ano. Após isso, tive passagens pelo Cruzeiro, Portuguesa e Criciúma. 

Após essas idas e vindas, pude conhecer a cidade do Natal. Atuei durante um ano pelo ABC e, em Junho de 2013, cheguei ao América. Sem dúvidas, o lugar onde  mais me senti feliz em toda a minha carreira.

- Quem foi/é seu grande ídolo/inspiração no futebol? Por quê?

Desde cedo, procurei me inspirar no Taffarel que, em minha opinião, é o melhor de todos. Durante a minha trajetória como profissional aprendi a admirar o Fábio (Cruzeiro) e o Rogério Ceni.

- Você sempre quis ser goleiro ou foi "obrigado" a jogar na posição mais ingrata do futebol? 

Confesso que meu sonho sempre foi o de ser atacante. Mas certo dia, ainda na base do Grêmio, faltou um goleiro. Fui ser goleiro para quebrar o galho e permaneci atuando nesta posição até hoje. (risos)

- Tendo atuado em nosso maior rival (ABC), como foi o 'processo" para conquistar a confiança da torcida alvirrubra?

O processo foi tranquilo. Fui muito bem recebido no América e pude notar que o clube tem mais a minha cara. E, quando estamos felizes em um lugar, as coisas tendem a sair melhores. Glorifico o nome de Deus porque assim tem sido.

- Sei que é difícil, mas qual foi a sua partida memorável? 

Partida memorável? Acho que tive a felicidade de sempre ajudar e atuar de forma convincente nos jogos em que atuei pelo América. Mas, escolhendo uma, devido a repercussão, foi aquela partida contra o Palmeiras, né? (risos)

Opinião do torcedor que vos fala: partida monumental do Andrey. Fechou o gol no Pacaembu e garantiu o 0x0. Foi bombardeado de todos os lados, mas segurou a onda e fez um dos jogos mais incríveis que já vi de um goleiro.


- Cite a importância técnica e tática do Leandro (técnico). Se puder, relate o relacionamento dele com os atletas.

O Sena é um cara que sabe muito de futebol e tem tudo para decolar na carreira. Posso afirmar que é uma pessoa super amiga, tranquila e que passa segurança aos jogadores. Sabemos que no futebol tudo depende de resultados, mas na minha opinião, já é um grande treinador e uma pessoa incrível.

-  Todo profissional almeja grandes conquistas. Qual o maior sonho do Andrey?

Meu maior sonho é ajudar a colocar e manter o América, por muito tempo, na série A do brasileirão. Sonho e oro por isso todos os dias. Meu desejo é o de ficar muitos anos no mecão, mas não sei quais os planos de Deus para mim. Esse é o meu maior desejo e, quem sabe, me aposentar no América e morar em Natal (risos).

- Quais as maiores virtudes desse "novo" América? 

A maior virtude foi a de manter a base do ano passado. Claro que imprevistos acontecem, e passamos por alguns no início de 2014 – muitas lesões, etc -. No entanto, acredito que teremos um fim de ano muito mais feliz em relação a 2013.

- Adversário do mecão nas quartas de final da Copa do Nordeste, o que você pode destacar nesse bom time do CRB?

Acho que temos tudo para passar pelo CRB – mesmo com a desvantagem na partida de ida. Tivemos alguns problemas na partida em Maceió, principalmente com a arbitragem desastrosa daquele jogo: tendenciosa contra nós. Mas ainda acredito que iremos passar.

- Deixe seu recado para a nação alvirrubra.


Só posso agradecer tudo o que vocês estão fazendo por mim. Muito obrigado pela força, carinho, enfim, estou muito feliz em Natal. Precisamos da ajuda do torcedor, para que juntos, pensando positivo, possamos conseguir colocar o América novamente no topo. Deus abençoe a todos.

DEFESAS DO ANDREY: (CLIQUE NO LINK ABAIXO)

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A temporada de afirmação de Chandler Parsons



Quando o Houston Rockets resolveu apostar suas fichas na dupla James Harden e Dwight Howard, ficou visível, em decorrência das temporadas anteriores, que o time precisaria de um algo a mais para bater de frente com OKC, Spurs e Clippers. Contratação de peso? Não! A solução do time do Texas estava em seu elenco. O nome dele? Chandler Parsons. O ala-armador foi a 38º escolha no Draft de 2011, e, em função da irregularidade em seu jogo, pouco contribuiu em seus primeiros anos no clube. Mas as coisas mudaram.

Se Harden é a explosão e Howard é a proteção, Chandler pode ser chamado de "motorzinho" que não tem medo de gente grande. Durante a pré-temporada, treino intensivo para infiltrações (slasher); aperfeiçoamento nas jogadas verticais, e movimentos laterais em altíssima velocidade. Parsons não será nenhum MVP. No entanto, sem ele, os Rockets ficariam perdidos no momento da transição defesa-ataque. Com o perímetro muito bem protegido, o Houston ganhou, e muito, com a ascensão do atleta de apenas 25 anos de idade. Ao defender, mão direita cobrindo a visão do adversário e a mão esquerda bloqueando um possível drible. 



A boa temporada pode ser refletida através dos números. Sua média de 17 pontos por partida corrobora com o bom rendimento dos companheiros de equipe e, dessa forma, James harden possui total liberdade para brilhar. Chandler é o ótimo coadjuvante que todo time gostaria de ter. Indo além, pode fazer a diferença nos playoffs. É bom ficarmos de olho no que este atleta pode aprontar. Aliás, basta assistir aos jogos do Houston para ter a exata certeza da evolução em seu jogo.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Bate-bola com a Gabriela Ribeiro


O bate-bola de hoje é com a Gabriela Ribeiro: repórter de tv, colunista de esportes e apresentadora de rádio. Trabalha na RICTV Record, Jovem Pan Curitiba e no blog Entrando no Jogo. Não estou cometendo nenhum exagero ao dizer que a Gabriela será, muito em breve, a revelação do jornalismo esportivo. Leiam a primeira parte desse bate-bola super agradável. 


- Como e quando surgiu essa paixão por tantos esportes?

Desde pequena, sempre estive envolvida no meio esportivo. Meu pai era do interior e sempre gostou muito de futebol. Torcia para um time da capital (que depois viria a se tornar o meu também) e viajava para ver jogos da equipe. Minha primeira lembrança com relação à torcida está ligada ao meu falecido avô. No aniversário de 4 anos, ele me deu um uniforme completo (com direito a meião) do Palmeiras. Quando eu tinha 6 anos, comecei a jogar tênis. Uma lembrança forte que tenho é das Olimpíadas de Sydney, que acompanhei com vigor no auge dos meus 8 anos. No tênis, competi até os 13 e depois decidi seguir outros rumos. Nesse meio tempo, descobri minha paixão pelo futebol nas arquibancadas de Curitiba. Meu pai me levou ao estádio a primeira vez com 12 anos e eu saí do meu primeiro jogo acreditando que o goleiro da minha equipe era, de fato, o melhor do Brasil. Depois disso, nunca mais parei de acompanhar todas as modalidades possíveis.

- O jornalismo é um sonho de infância ou a ideia foi sendo maturada aos poucos?

Dos 9 aos 13 anos, participei do extinto projeto "Repórter-Mirim", promovido pelo maior jornal aqui do Paraná, a Gazeta do Povo. Desde aquela época, comecei a cogitar a possibilidade. No ensino médio, não sabia se seguiria mesmo o jornalismo, mas na hora de fazer o vestibular, não tive dúvidas.

- Com obras atrasadas, a Arena da Baixada pode ser "cortada" do Mundial. Quais as principais razões para o atraso nas obras? Indo além, dentro da esfera esportiva e social, quais os impactos que Curitiba pode vir a sofrer caso a FIFA opte pela negativa ao estádio?

As obras na Arena passaram por diversos percalços que os outros estádios não enfrentaram. Por ser gerida pela iniciativa privada, a liberação de recursos foi mais complexa que o normal. BNDES, potencial construtivo, acordos... Esses termos foram constantes na imprensa paranaense. Alguns nem sabem, mas teve até uma CPI para investigar supostas irregularidades nas licitações da obra. Ainda houve greve de funcionários, para completar o rolo todo. Para Curitiba, a exclusão da Copa seria lamentável. A Secretaria Municipal de Turismo têm feito um trabalho incrível para se preparar para receber os estrangeiros, mas vai além disso. Seria um prejuízo, de certa forma, moral e econômico, porque afetaria a geração de muitos empregos e deixaria uma péssima imagem de organização para o mundo todo. Ainda mais para uma cidade que ostenta a alcunha de "primeiro mundo" no Brasil...

- As mulheres conquistaram seu espaço no jornalismo esportivo. No entanto, algumas barreiras ainda não foram totalmente quebradas. Para a total inserção das mesmas, quais obstáculos ainda impedem o avanço de vocês?

 É claro que existe o preconceito, mas acho que falta o olhar mais profissional sob o trabalho da mulher. Aliás, as próprias mulheres precisam acreditar no trabalho delas como profissionais e não "baixar a guarda" quando não sabem algo sobre esporte. Por exemplo: tem mulher que trabalha no meio esportivo e ainda se gaba por "saber o que é impedimento" e mais duas ou três regras de um esporte aleatório. Se você é uma profissional, não faz mais do que a sua obrigação em saber isso e muito mais sobre qualquer esporte. Acho que é preciso mudar a mente em relação ao trabalho da mulher, não usar o corpo para se prevalecer num meio amplamente masculino e buscar boas referências.

- Como praticante (ex-jogadora) e telespectadora do tênis, você possui embasamento para relatar sobre o esporte. Analisando friamente, qual jogador (e jogadora) a Gabi citaria como próxima revelação do esporte? Discorra sobre a(s) qualidade(s) desse(s) atleta(s). 

Os analistas de tênis apostam muito no búlgaro Grigor Dimitrov. Embora ele esteja numa crescente física, ainda demonstra inconstância nos resultados e imaturidade em atitudes dentro de quadra. Jerzy Janowicz é outro nome forte para despontar no topo nos próximos anos. No feminino, Eugenie Bouchard chamou a atenção no Aberto da Austrália, mas Sloane Stephens tem tudo para chegar ao topo antes da canadense. Particularmente, acredito que, em breve, o tênis vai passar por um período de mudanças. Foram muitos anos de domínio de Roger Federer e Rafael Nadal, junto com Novak Djokovic na sequência, e agora parece que o esporte está abrindo caminho para outros atletas.

- Recentemente, você fez a cobertura dos X Games. Relate a emoção de cobrir um evento dessa magnitude.

A cobertura do X Games foi uma surpresa! Fui convidada pela RICTV (afiliada da Record no Paraná e em Santa Catarina) para cobrir o evento e nunca imaginei que fosse participar de um trabalho tão grande ainda na faculdade. Profissionalmente, foi um dos meus melhores momentos. Entrevistei grandes nomes dos esportes radicais, como Bob Burnquist e Ryan Sheckler, além de curtir quatro dias de intensa competição e muito trabalho. Guardo a credencial com muito carinho na minha coleção!


Gabriela ao lado de Bob Burnquist
- Repórter, colunista de esportes e apresentadora de rádio. Quais as principais metas de carreira da Gabriela Ribeiro?

Tenho muita vontade de trabalhar com o esporte em si, com a parte de gestão esportiva. Sempre me interessei pela área e não negaria trabalhar em alguma agremiação ou liga de esportes, na parte administrativa ou de planejamento. Se for para continuar no jornalismo, gostaria de viver umas aventuras como correspondente internacional. Não custa sonhar, né? Mas minha primeira meta é terminar a faculdade agora em 2014 para depois pensar em tudo isso! Só Deus sabe o que o futuro reserva!

- O "Entrando no jogo" aborda assuntos de vários esportes e engendra vários debates que circundam nosso cotidiano. Fale mais sobre o blog, as metas e o direcionamento dele para a sociedade. 

Criei o blog em 2010, antes de entrar na faculdade, e só tive oportunidades por causa dele. No mesmo mês que criei o blog, fui convidada para ser colunista do jornal de maior circulação aqui no Paraná. Algum tempo depois, no meu primeiro ano de Jornalismo, fui chamada para trabalhar na TV. Em seguida, no rádio. E as coisas foram acontecendo. Por isso, sempre digo: devo tudo ao meu filhote, o Entrando no Jogo. A ideia dele é mostrar que qualquer um pode entrar no jogo, seja mulher, seja homem, criança, jovem ou idoso. Não é apenas uma réplica de notícias esportivas, mas um compilado de temas que podem ser relevantes para o contexto esportivo. O blog deve mostrar uma opinião além do convencional e incentivar o pensamento crítico nos leitores.

Quer saber mais sobre a Gabriela e o blog? Acessem http://entrandonojogo.com.br/

- Ano de Copa...pitacos são sempre bem vindos. Quais seleções você colocaria como favoritas ao título? Por quê?

Brasil, por todo o contexto "obrigatório", a Alemanha, pela maturidade que atingiu desde a última Copa e a Argentina, porque los hermanos vêm com um time forte para mostrar serviço em terras verde-amarelas. 

- Gabi, não escondo que sou fã do seu trabalho e é uma honra poder te entrevistar. Deixe um recado, citando as dificuldades e as boas qualidades, para a meninas que almejam seguir carreira no jornalismo esportivo. 

Obrigada pelo convite e conte sempre com minha audiência também! Seja mulher ou homem que quer seguir carreira no jornalismo esportivo, eu sempre digo: é preciso sonhar alto. Tem gente que chega lá. Por que não podemos ser nós? Beijão a todos!

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Bate-bola com o Julian Sakaniwa



O bate-bola de hoje é com o Julian. Fanático torcedor do Barcelona (ESP) e estudioso sobre a história do clube, o entrevistado não escondeu sua admiração por Xavi Hernández, relatou "causos" do Franquismo e apontou favoritos para o Mundial de 2014.

P: Quando e como surgiu essa paixão pelo Barcelona?

R: Primeiramente eu gostaria de agradecer esta oportunidade de participar do ‘Bate-Bola’. É uma honra!
Então, os meus primeiros sentimentos pelo Barça começaram meses antes da Copa do Mundo da França, em 1998, quando o Ronaldo era a promessa da Seleção Brasileira – como o Neymar é hoje –,  e só se falava nele. Eu ganhei uma tabela dos jogos, aquelas de papel, e cada país tinha a sua bandeirinha. Com meus 7 anos, me apaixonei pelas bandeiras, pedi para o meu pai comprar um pacote de papel sulfite e comecei a desenhar todas as que eu mais gostava – sempre fui apaixonado pela bandeira da Dinamarca, diga-se de passagem – até que me dei conta de que estava gostando muito daquilo, e por curiosidade eu assisti a alguns jogos meio que sem entender nada, e foi aí que comecei a gostar de futebol.

Na mesma época, ganhei um boneco do Ronaldo de uns 20 centímetros de altura, foi o maior que eu já tinha ganhado até então, e foi assim que comecei a admirar o "fenômeno", pois eu brincava com ele o dia inteiro. Na época, com meu Super Nintendo, pedi um jogo de futebol para o meu pai, e ele me deu o ‘Ronaldinho Campeonato Brasileiro 97’. Quando cacei o time em que ele jogava, apareceu o Barcelona. De tanto jogar com o time, acabei “conhecendo” outros jogadores como Guardiola, Figo, Vitor Baía, Luis Enrique, Abelardo, entre outros, mas o detalhe que me fez apegar ao Barça, além do Ronaldo, foi o uniforme - um azul com borrão vermelho. Me identifiquei com as cores e já comecei a gostar do clube sem ao menos assistir uma única partida. Esse “namoro” se manteve frio até a temporada 2004-05. Antes disso, acompanhei apenas os resultados, mas a partir dessa temporada que começou a ser transmitida na Bandeirantes, e com o Ronaldinho Gaúcho jogando muito, comecei a assistir o maior número de jogos possíveis, e até hoje acompanho sempre que posso ou, quando não posso, tento dar um jeito. Mas a única certeza é a de que de 1998 para cá a minha paixão pelo Barça só aumentou.

P: O número de torcedores dos clubes europeus aumentou assustadoramente no Brasil. Qual o principal motivo para este fato?

R: Acredito que o motivo que causou isso foi a facilidade do acesso ao futebol europeu. Hoje qualquer pessoa pode assistir uma partida de clubes europeus sem muito custo, e isso contribuiu muito para que elas conhecessem um futebol diferente e mais atraente do que vemos por aqui. Outro fator: já não mais existe aquela 'discriminação' que perdeu força de alguns anos para cá - uma tradição estúpida que "proibia" alguém de torcer para um clube europeu (ou até de outro Estado). Por causa disso, tive que esconder o meu amor pelo Barça por longos anos, e fingir amor a outros clubes daqui de São Paulo para não sofrer essa 'discriminação'. Pelo menos por aqui onde eu vivi toda a minha vida, essa estupidez causou fortes danos morais. O Brasil vivia em uma Ditadura do Futebol. Por conta disso, até os meus 14 anos tentei torcer por Palmeiras, Corinthians ou São Paulo, mas nenhum deles conseguiu despertar um sentimento mais sério em mim, muito pelo contrário, por ter trocado de time por duas vezes, também me intitulavam como um torcedor que "virava a casaca" - outra coisa que era totalmente inadmissível na Ditadura do Futebol. Mas isso tudo de "virar a casaca" contribuiu muito para criar a coragem necessária e me permitiu declarar o amor ao clube que eu realmente admirava. O fato de eu ter trocado de time significa que eu sempre busquei ser feliz com o futebol.

Mas existia um lugar onde tal represália jamais adentrou: minha casa. Meu pai, palmeirense, odiava o Corinthians, mas nunca me forçou a ser palmeirense como ele, muito pelo contrário, sempre me incentivou a gostar de futebol e a torcer para quem eu quisesse. Sem dúvidas, ele (pai) foi o maior exemplo de que a felicidade está em nossas escolhas e, para que possamos amar em paz, necessitamos de liberdade para escolher o que nos agrada. Quem deixa os outros escolherem por si, não sabe o quanto é prazeroso ser livre ao optar por suas próprias escolhas.

P: O termo “modinha”... está na moda. Quais “armas” o Julian utiliza para não ser taxado através deste rótulo?

R: Ignorar. Eu sei o que sou e ninguém conseguirá me convencer a aceitar um rótulo que não bate com a minha personalidade. Mesmo assim, confesso não lembrar de alguém me chamar particularmente de “modinha”. Quando me chamam, é por pura generalização. Por exemplo: “Todos os culés brasileiros são modinhas”. Só assim mesmo.

P: O Franquismo, regime ditatorial ocorrido na Espanha, mascarou (teoricamente) várias conquistas do Real Madrid. Relate quais foram os maiores fatores prejudiciais ao Barcelona.

R: São vários. Mas os mais famosos e mais prejudiciais foram: a morte do presidente Suñol, os 11-1 (escândalo de Chamartín), e a contratação de Di Stéfano. Esse último, o divisor da história do Real Madrid.

P: Como historiador de tudo o que envolve o clube, em que grau de importância você colocaria Johan Cruyff e Pep Guardiola na história dos blaugranas? Aborde o principal legado dos dois.

R: Eu colocaria ambos como os principais nomes do sucesso atual do Barcelona. O Cruyff, como jogador, trouxe para o Barça aquela filosofia da “Laranja Mecânica”, e como treinador difundiu o sistema de jogo que deu muito certo. O sucesso foi tão grande que formou um “Dream Team”, conquistou a primeira Copa Europeia do clube e construiu um dos ciclos mais gloriosos do Barça em todos os quase 100 anos de história (na época). 

Cruyff treinou o Guardiola, outro gênio que bebeu daquela fonte, porém, com jogadores criados e educados naquele estilo de jogo implantado na década de 1990. Ou seja, Guardiola pegou um elenco perfeito para colocar em prática tudo o que aprendeu com Cruyff -  tão magistral que venceu absolutamente tudo o que disputou. Hoje o Barcelona ainda tenta manter a filosofia, tem jogadores qualificados, porém ainda não conseguiu um técnico substituto à altura de Pep Guardiola.


P: Por que existe tanto ódio entre torcedores/simpatizantes de Barça e Madrid nas redes sociais? Quando você passa a respeitar a opinião do “rival”?

R: Pelo o que eu notei, o maior motivo da rixa entre a maioria dos culés e madridistas é a rivalidade entre Messi e Cristiano Ronaldo. Poucos discutem sobre outros assuntos.

Eu passo a respeitar a opinião do rival – e até do próprio culé – quando ele deixa de usar os velhos e inúteis argumentos como “9 Champions” e “32 Ligas”; e no caso dos culés, o “Franquismo”. Uma opinião bem formada, com conceitos válidos, e contendo apenas fatos, não tem como ser ignorada ou desrespeitada.

P: Atual campeão da UCL, o Bayern de Munique parece não ter perdido a força. Os Bávaros ostentam de tamanho favoritismo para o bicampeonato ou você enxerga outras equipes na mesma prateleira?

R: Barcelona e Real Madrid sempre serão favoritos, independentemente de qualquer circunstância. No entanto, o Bayern está voando e tem muitas chances de voltar a vencer outra Champions League, ou pelo menos chegar em mais uma final, como vem fazendo nos últimos anos. Mas creio que as únicas equipes capazes de vencer os alemães – com muitíssimo esforço – são Barcelona e Real Madrid, por terem sido eliminadas pelos Bávaros nos últimos encontros. O gostinho de revanche é a motivação. Mas Juventus e o Arsenal também estão fortes. Apesar disso, os italianos foram parar na Liga Europa. Vamos ver a real força dos Bávaros nos jogos contra o Arsenal, pelas Oitavas de Final, que também encontra-se na mesma situação de Barcelona e Real Madrid, com o sangue nos olhos. Já o Atlético de Madrid também está muito bem, mas acho que ainda não aguentaria a pressão da equipe de Pep Guardiola.

P: Em poucos dias teremos Barcelona x M. City. Os comandados de Martino passam por uma oscilação. Já o time de Pellegrini está voando... jogando muito. Confronto equilibrado ou existe algum favorito? Taticamente falando, como anular os Citizens?

R: Acho que mesmo com a atual situação, que parece estar perdida, o Barça ainda é favorito. O Manchester City vem forte, mas ainda não convenceu em competições europeias. Lembra muito a seleção alemã nos últimos anos, que vem detonando todo mundo, mas decepciona em jogos decisivos. Mas como eu disse, os citizens vem jogando muito bem e podem estar escrevendo um lindo capítulo em sua história, e para que isso fique ainda mais inesquecível, eliminar o Barcelona nas Oitavas de Final da Champions (que esteve nas últimas 6 Semi Finais) seria incrível. É bom o Barça tomar cuidado.

Já na parte tática, é difícil dizer uma outra forma de anular uma equipe, já que o Barça do Tata dificilmente muda alguma coisa em relação ao adversário, pois desde a "Era" Guardiola o adversário é quem precisa mudar para anular os blaugranas. O que o time não pode fazer de jeito nenhum é repetir as duas péssimas atuações que fez contra os comandados de Jupp Heynckes, na última temporada. É bom tomar cuidado com o Pellegrini porque ele já conhece o Barça e, quando esteve no Real Madrid, deu mais trabalho que o Mourinho.

P: Já que 2014 é ano de Copa do Mundo, quais seleções você colocaria como favoritas ao título? Por quê?

R: Argentina, Alemanha e Brasil. Sem ordem.

A Argentina tem uma grande seleção, entrosada e que fez uma ótima eliminatória. A Alemanha também vem forte - podemos enxergá-la através da imagem e semelhança com o Bayern de Munique. Já o Brasil, por ter uma boa seleção, um ótimo técnico e um coordenador vencedor – ambos campeões mundiais –, e por jogar em casa (coisa que contou muito na Copa das Confederações e que com certeza será a 12ª arma da canarinho na Copa do Mundo), também é favorito.

A Espanha é a atual campeã, por isso eu já descarto mesmo sabendo que é uma das seleções mais fortes do mundo. Ganhar duas Copas seguidas não é pra qualquer um. O Brasil foi um dos que conseguiu isso e, pelo menos até o Catar, não existirá ninguém capaz de fazer igual.

P: Defina politicamente, Sandro Rosell.

R: Corrupto! Isso serve para definir politicamente a maioria dos políticos.

P: Tantos craques/lendas que passaram pelo Barça. No entanto, não há como negar que sempre teremos “o preferido”. Quem é o seu ídolo? Discorra sobre tudo o que ele representa para você, torcedor Culé.

R: Poucos sabem, mas o meu jogador preferido é o Xavi. Ele é o jogador que mais se parece comigo (não fisicamente) e o que eu mais tento me espelhar.


Ele usa a inteligência dentro e fora de campo, tenta ser o mais discreto possível, é leal, e uma coisa que ele tem que eu adoraria ter é a “classe” que dispõe ao fazer qualquer coisa. É uma pessoa séria... e até acredito que ele ainda treinará o Barça no futuro, mantendo a filosofia que começou com Cruyff e foi aperfeiçoada por Pep.

P: Monte os seus 11 titulares ideais, com esquema. OBS: não vale incluir os que ainda estão em atividade. Algo precisa ser mais complicado

R: Aí complicou mesmo. (rs)

Não é fácil colocar um jogador que eu nunca vi jogar. Mas dá para montar apenas com jogadores que eu já vi atuar. Lá vai um 4-3-3 bem louco.

Taffarel, Cafu, Maldini, Thuram, Roberto Carlos, Patrick Vieira, Beckham, Zidane, Rivaldo, Romário e Ronaldo.


Se fosse no Winning Eleven eu colocaria o Roberto Carlos no ataque, como era de costume. Corre e chuta 19, é craque!

P: Defina, em poucas palavras, a essência/importância de ser um torcedor blaugrana.

R: Tot el món és um clam. Som la gent blaugrana i tant se val d’on venim, si del sud o del nord, ara estem d’acord. UMA BANDERA ENS AGERMANA!