segunda-feira, 24 de junho de 2019

A pobreza de ideias da Seleção Argentina

FOTO: AFP




A seleção argentina, enfim, venceu sua primeira partida na Copa América 2019. Diante de uma boa e bem postada seleção do Catar, os hermanos fizeram 2x0 e asseguraram vaga às quartas de final, quando irão enfrentar a Venezuela. O que citei anteriormente parece algo rotineiro, moldado apenas no modo “ok”, como se os problemas não existissem. Ledo engano.

Digo que a albiceleste começou a sofrer em 2007, momento este em que a AFA “aproveitou” a derrota diante do Brasil para “modificar” tudo, jogar o planejamento de José Pékerman no lixo. De lá para cá, leia-se na era Messi, são OITO treinadores. Não há individualismo que dê jeito, pois o aspecto coletivo inexiste. Para não ser tão injusto e carrancudo, diria que Sabella e Tata Martino ao menos deram padrão tático e coletivo. Não á toa chegaram em três finais: Copa (2014), Copa América (2015 e 2016). E aqui não mensuro apenas resultado, já que o principal questionamento é o desempenho.

O pós-Martino é sofrível - mesmo com Sampaoli tendo assumido e fracassado diante de um cenário catastrófico. Fiz esse “looping” todo como forma de corroborar que, se a seleção sofre hoje, muito se deve ao fator da total bagunça que é a sua Federação. Para se ter uma ideia de como as gerações foram sendo desperdiçadas, citarei os nomes dos treinadores que por lá passaram, desde 2006: A. Basile, D. Maradona, S. Batista, A. Sabella, G. Martino, Edgardo Bauza, J. Sampaoli e L. Scaloni.

Não há sequência de ideias, de trabalho, de conjunto, de formação e formatação de um TIME. Sim, porque não adianta ter bons valores individuais se falta o principal: coletivo. Voltando a falar em Copa América, é perceptível o quão perdido Scaloni se encontra. O jovem treinador não possui convicção (modifica sempre a equipe); existe uma pobreza horrorosa de ideias na saída de jogo; o sistema de criação é infrutífero; equipe totalmente espaçada, e os jogadores não conseguem atuar se aproximando. Pode-se esperar alguma surpresa no mata-mata? Sim. O comando técnico deve ser mantido após o torneio? Não!

Apesar da bagunça que foi com Maradona em 2010, o time ao menos correspondeu – dentro dos limites lógicos da sensatez – através do individualismo dos principais jogadores, à época jovens. Hoje, com os pilares já na casa dos 30 anos, a bola parece queimar nos pés dos jovens/coadjuvantes Lo Celso, Acuna, Pereyra, Tagliafico, Saravia etc. E olha que alguns dos citados são bons jogadores, fizeram boas temporadas em seus clubes. O elenco passa muito longe de ser fraco e limitado. O problema é estrutural.

Não adianta ter Lionel Messi sem o entorno que o gerencie e qualifique em circunstâncias coletivas. Esperar que o camisa 10 necessite sempre driblar dois ou três para tirar a seleção do buraco é insanidade. Já adianto que Otamendi, por mais esforçado que seja, é bastante limitado; apesar da boa temporada, Lo Celso está jogando fora de posição; Aguero é letal e matador no City, só que lá é muito bem municiado pelos meias e pontas, e Messi, apesar de carregar o barça nas costas, ainda consegue produzir muito no clube catalão. Falta um propósito, um sentido, UM TIME.