O bate-bola de hoje é com a Gabriela Ribeiro: repórter de tv, colunista de esportes e apresentadora de rádio. Trabalha na RICTV Record, Jovem Pan Curitiba e no blog Entrando no Jogo. Não estou cometendo nenhum exagero ao dizer que a Gabriela será, muito em breve, a revelação do jornalismo esportivo. Leiam a primeira parte desse bate-bola super agradável.
- Como e quando surgiu essa paixão por tantos esportes?
Desde pequena, sempre estive envolvida no meio
esportivo. Meu pai era do interior e sempre gostou muito de futebol. Torcia
para um time da capital (que depois viria a se tornar o meu também) e viajava
para ver jogos da equipe. Minha primeira lembrança com relação à torcida está
ligada ao meu falecido avô. No aniversário de 4 anos, ele me deu um uniforme
completo (com direito a meião) do Palmeiras. Quando eu tinha 6 anos, comecei a
jogar tênis. Uma lembrança forte que tenho é das Olimpíadas de Sydney, que
acompanhei com vigor no auge dos meus 8 anos. No tênis, competi até os 13 e
depois decidi seguir outros rumos. Nesse meio tempo, descobri minha paixão pelo
futebol nas arquibancadas de Curitiba. Meu pai me levou ao estádio a primeira
vez com 12 anos e eu saí do meu primeiro jogo acreditando que o goleiro da
minha equipe era, de fato, o melhor do Brasil. Depois disso, nunca mais parei
de acompanhar todas as modalidades possíveis.
- O jornalismo é um sonho de
infância ou a ideia foi sendo maturada aos poucos?
Dos 9 aos 13 anos, participei do extinto
projeto "Repórter-Mirim", promovido pelo maior jornal aqui do Paraná,
a Gazeta do Povo. Desde aquela época, comecei a cogitar a possibilidade. No
ensino médio, não sabia se seguiria mesmo o jornalismo, mas na hora de fazer o
vestibular, não tive dúvidas.
- Com obras atrasadas, a Arena
da Baixada pode ser "cortada" do Mundial. Quais as principais razões
para o atraso nas obras? Indo além, dentro da esfera esportiva e social, quais
os impactos que Curitiba pode vir a sofrer caso a FIFA opte pela negativa ao estádio?
As obras na Arena passaram por diversos
percalços que os outros estádios não enfrentaram. Por ser gerida pela
iniciativa privada, a liberação de recursos foi mais complexa que o normal.
BNDES, potencial construtivo, acordos... Esses termos foram constantes na
imprensa paranaense. Alguns nem sabem, mas teve até uma CPI para investigar
supostas irregularidades nas licitações da obra. Ainda houve greve de
funcionários, para completar o rolo todo. Para Curitiba, a exclusão da Copa
seria lamentável. A Secretaria Municipal de Turismo têm feito um trabalho
incrível para se preparar para receber os estrangeiros, mas vai além disso.
Seria um prejuízo, de certa forma, moral e econômico, porque afetaria a geração
de muitos empregos e deixaria uma péssima imagem de organização para o mundo
todo. Ainda mais para uma cidade que ostenta a alcunha de "primeiro mundo"
no Brasil...
- As mulheres conquistaram seu
espaço no jornalismo esportivo. No entanto, algumas barreiras ainda não foram
totalmente quebradas. Para a total inserção das mesmas, quais obstáculos ainda
impedem o avanço de vocês?
É claro que existe o preconceito, mas acho que
falta o olhar mais profissional sob o trabalho da mulher. Aliás, as próprias
mulheres precisam acreditar no trabalho delas como profissionais e não
"baixar a guarda" quando não sabem algo sobre esporte. Por exemplo:
tem mulher que trabalha no meio esportivo e ainda se gaba por "saber o que
é impedimento" e mais duas ou três regras de um esporte aleatório. Se você
é uma profissional, não faz mais do que a sua obrigação em saber isso e muito
mais sobre qualquer esporte. Acho que é preciso mudar a mente em relação ao
trabalho da mulher, não usar o corpo para se prevalecer num meio amplamente
masculino e buscar boas referências.
- Como praticante (ex-jogadora) e telespectadora
do tênis, você possui embasamento para relatar sobre o esporte. Analisando
friamente, qual jogador (e jogadora) a Gabi citaria como próxima revelação do
esporte? Discorra sobre a(s) qualidade(s) desse(s) atleta(s).
Os analistas de tênis apostam muito no
búlgaro Grigor Dimitrov. Embora ele esteja numa crescente física, ainda
demonstra inconstância nos resultados e imaturidade em atitudes dentro de
quadra. Jerzy Janowicz é outro nome forte para despontar no topo nos próximos
anos. No feminino, Eugenie Bouchard chamou a atenção no Aberto da Austrália,
mas Sloane Stephens tem tudo para chegar ao topo antes da canadense.
Particularmente, acredito que, em breve, o tênis vai passar por um período de
mudanças. Foram muitos anos de domínio de Roger Federer e Rafael Nadal, junto
com Novak Djokovic na sequência, e agora parece que o esporte está abrindo
caminho para outros atletas.
- Recentemente, você fez a cobertura
dos X Games. Relate a emoção de cobrir um evento dessa magnitude.
A cobertura do X Games foi uma surpresa!
Fui convidada pela RICTV (afiliada da Record no Paraná e em Santa Catarina)
para cobrir o evento e nunca imaginei que fosse participar de um trabalho tão
grande ainda na faculdade. Profissionalmente, foi um dos meus melhores
momentos. Entrevistei grandes nomes dos esportes radicais, como Bob Burnquist e
Ryan Sheckler, além de curtir quatro dias de intensa competição e muito trabalho.
Guardo a credencial com muito carinho na minha coleção!
Gabriela ao lado de Bob Burnquist
- Repórter, colunista de
esportes e apresentadora de rádio. Quais as principais metas de carreira da
Gabriela Ribeiro?
Tenho muita vontade de trabalhar com o
esporte em si, com a parte de gestão esportiva. Sempre me interessei pela área
e não negaria trabalhar em alguma agremiação ou liga de esportes, na parte
administrativa ou de planejamento. Se for para continuar no jornalismo,
gostaria de viver umas aventuras como correspondente internacional. Não custa
sonhar, né? Mas minha primeira meta é terminar a faculdade agora em 2014 para
depois pensar em tudo isso! Só Deus sabe o que o futuro reserva!
- O "Entrando no
jogo" aborda assuntos de vários esportes e engendra vários debates que
circundam nosso cotidiano. Fale mais sobre o blog, as metas e o direcionamento
dele para a sociedade.
Criei o blog em 2010, antes de entrar na
faculdade, e só tive oportunidades por causa dele. No mesmo mês que criei o
blog, fui convidada para ser colunista do jornal de maior circulação aqui no
Paraná. Algum tempo depois, no meu primeiro ano de Jornalismo, fui chamada para
trabalhar na TV. Em seguida, no rádio. E as coisas foram acontecendo. Por isso,
sempre digo: devo tudo ao meu filhote, o Entrando no Jogo. A ideia dele é
mostrar que qualquer um pode entrar no jogo, seja mulher, seja homem, criança,
jovem ou idoso. Não é apenas uma réplica de notícias esportivas, mas um
compilado de temas que podem ser relevantes para o contexto esportivo. O blog
deve mostrar uma opinião além do convencional e incentivar o pensamento crítico
nos leitores.
Quer saber mais sobre a Gabriela e o blog? Acessem http://entrandonojogo.com.br/
Quer saber mais sobre a Gabriela e o blog? Acessem http://entrandonojogo.com.br/
- Ano de Copa...pitacos são
sempre bem vindos. Quais seleções você colocaria como favoritas ao título? Por quê?
Brasil, por todo o contexto
"obrigatório", a Alemanha, pela maturidade que atingiu desde a última
Copa e a Argentina, porque los hermanos vêm com um time forte para mostrar serviço em
terras verde-amarelas.
- Gabi, não escondo que sou fã
do seu trabalho e é uma honra poder te entrevistar. Deixe um recado, citando as
dificuldades e as boas qualidades, para a meninas que almejam seguir carreira
no jornalismo esportivo.
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