Bartoli é campeã em Wimbledon

 (Foto: Agência AFP)

Marion Bartoli é a mais nova campeã em Wimbledon. Ao derrotar a alemã Sabine Lisicki, por 2 sets a 0, conquistou o seu primeiro título de Grand Slam. O último e único título de uma tenista francesa em Wimbledon havia sido conquistado por Amélie Mauresmo, em 2006. Uma grande vitória de uma jogadora que não está dentro dos padrões estéticos de beleza e nem esbanja forma física. Ao contrário, é uma gordinha de talento.

CONCENTRADA

Desde o início da peleja deu para perceber o quão concentrada a francesa estava. Olhos esbugalhados, punhos cerrados e agressividade ao extremo para vencer os pontos. Com a experiência de quem já havia perdido uma final (2007), Marion não deu sopa para o azar intensificou seus pontos com comemorações imponentes...com sangue nos olhos, faca entre os dentes.Toda essa energia que lhe é peculiar, através das suas "manias", renderam a confiança para não viajar na maionese e perder o foco da partida.

ACELEROU

Qual a grande virtude um tenista em uma final? Atuar da mesma maneira como fez durante toda a competição. Mesmo tendo em Lisicki uma oponente que também bate forte na bola, Bartoli usando a tautologia, gritou mais alto, não encurtou os golpes e esteve perfeita em seu inside out de backhand. Ao jogar a alemã de um lado para o outro, surpreendeu muita gente que apostava justamente o contrário. A bola dela acelerou muito e, como muitos sabem, o tempo de reação para fazer uma defesa na grama é bem menor.

LISCKI VAI ÀS LÁGRIMAS

Apática, nervosa e com os nervos descontrolados. A atleta que havia vencido Serena e Radwanska simplesmente não entrou em quadra hoje. Ao estar perdendo por 3/1 no 1º set, já demonstrava a fisionomia de uma pessoa cabisbaixa e quase que chorando após cada erro cometido. Ao ser derrotada por 6/1 no set inicial, foi ao vestiário para tentar se acalmar. Porém, não obteve o resultado esperado. Pior, ela voltou ainda mais nervosa, encurtando as bolas em demasia - o que "facilitou" os golpes precisos da francesa - e chorou, copiosamente, em quadra. Lisicki deu apenas um esboço de reação já no fim da partida, quando estava perdendo por 5/1 e chegou a deixar o set em 5/4. Recuperação tardia.

Muitas pessoas falaram que ela amarelou. É uma mania que muitos brasileiros possuem e que eu tenho aversão. Evidente que ela poderia ter se preparado melhor quanto ao aspecto emocional e, até mesmo dentro da partida, ter parado e repensado alguns pontos errados. No entanto, as lágrimas que escorreram no belo rosto da alemã demonstraram o nervosismo de uma atleta que não soube curtir o momento. Prova cabal que fator emocional pesa, e muito, em qualquer esporte. Principalmente em uma modalidade individual.

(Foto: Agência Reuters)

BARTOLI GIGANTE! CAMPEÃ!

A "outra" estava nervosa? Bartoli não tomou conhecimento. E é isso mesmo que deve ser feito. Cometeu algumas duplas faltas na hora "certa". A maioria dos pontos decisivos foram vencidos ao fazer a leitura de saque da adversária, invadir a quadra e bater forte, com profundidade.

O approach de Marion foi quase que perfeito. A conquista serve para calar muitos críticos, inclusive esse que vos fala, sobre as condições de uma gordinha vencer um Grand Slam. Como falei em outro texto, ela veio sempre batendo na trave. Fico imaginando: e se ela resolvesse entrar em forma? Mesmo com 28 anos de idade, pode fazer muito mais.

As grandes expectativas sempre estiveram em Roland Garros, onde consegue desempenhar melhor o seu jogo. Mas o destino quis que ela fosse consagrada com uma taça no templo sagrado do tênis. Campanha perfeita! Não perdeu nenhum set em toda a competição. Só corrobora o merecimento da francesa. Com parciais de 6/1 e 6/4, Bartoli é a grande campeã de Wimbledon 2013.