Em um jogo
que ficará marcado para a história, o Rio/Unilever venceu o Sollys/Osasco na
final da Superliga Feminina de vôlei. Com o resultado de 3 sets a 2, a equipe
carioca faturou seu oitavo título na competição.
As duas
equipes já estão cansadas dos confrontos em finais. Juntas, fizeram as últimas
9 decisões da competição e criaram uma hegemonia dentro do vôlei nacional. Seria
importante que mais patrocinadores investissem nos clubes para que o nível
aumentasse e mais equipes pudessem brigar pelo caneco. Voltando ao tema central,
o Rio venceu 6 dessas 9 decisões.
Agremiações completamente diferentes. Começando pelos técnicos, que são totalmente
distintos. Bernardinho é mais inquieto, brigador, mas nunca perde a lucidez
tática. Já Luizomar segue a conduta do cara mais tranquilo e chega a ser
incisivo quando o momento da partida lhe pede isso.
Analisando a
questão tática, não há como discernir, a olho nu, as modificações. Só quem
realmente acompanha o vôlei pode identificar que o Rio é mais obediente
taticamente e brigador. Já o Osasco possui a vantagem da técnica superior. Um
completaria o outro, caso quiséssemos transformar as duas equipes em uma só.
Diante de
critérios tão minuciosos, os times entraram no Ibirapuera com a certeza de que
boa coisa aconteceria. O próprio Bernardinho alertou suas meninas quanto a
força de Osasco. Que, para falar a verdade, é uma verdadeira seleção. Mas nem
tudo se resolve apenas no lado individual. A grande novidade ficou por conta da
revisão de jogadas. Para quem assiste tênis, é aquele desafio que os jogadores
pedem quando contestam alguma marcação dos árbitros.
O JOGO
Partida muito
equilibrada no 1º set. As paulistas abriram boa vantagem em função do volume de
jogo. No entanto, as cariocas foram buscar o placar com bolas bem categorizadas
de Sarah Pavan. No fim, o bloqueio de Osasco falou mais alto e Adenízia fechou
o primeiro set para o delírio da torcida. 25/22.
Muito
equilíbrio no 2º set. Leve vantagem no saque para as paulistas, que também
contaram com a boa recepção de Camila Brait. Assim como no set anterior, as
cariocas foram buscar o placar. Porém, após o 16/15 a coisa mudou. Aparentemente
nervosas, as comandadas de Bernardinho passaram a errar muito. Osasco agradeceu
e, com o bloqueio de Fabíola, fechou em 25/19. Jogo definido, né? Leve engano.
O set que
tinha tudo para ser o último da competição, acabou mostrando o porquê das
cariocas estarem a tanto tempo no topo (junto com o Osasco). Errando menos e
ficando sempre em vantagem no placar, o Unilever contou com um trio ofensivo
iluminado: Gabi, Sarah Pavan e Natália começaram a derrubar as bolas. A
confiança voltou, as paulistas não conseguiram reagir e o set terminou em 25,20
para o Rio.
O quarto set
foi o sinal/demonstração da confiança e do moral elevado que o time azul
engatou. Defendendo praticamente todas as bolas, ligadas no 220 e com Natália e
Juciely em momento inspirado, a equipe empatou a partida ao vencer por
25/15. Luizomar ainda tentou mexer com a equipe ao substituir algumas
jogadoras. Mas foi em vão.
Uma final
desse porte só poderia mesmo terminar no tie-break. Mesmo com o apoio da
torcida e dos gritos de incentivo que uma passava para a outra, Osasco sucumbiu
diante de um time taticamente fechado, defendendo muito e com Natália vibrando
muito...como se fosse a sua primeira final. O ponto derradeiro só poderia ser dela.
A ponteira recebeu, atacou com violência e fechou o set e a partida em 15/09.
Festa carioca.
Essa final só
serviu para provar que, sim, o nosso vôlei é o melhor do mundo. Não é exagero
afirmar que Osasco e Rio fazem o maior clássico mundial do voleibol. Não há
como mensurar o que se passou nesta partida. Só os amantes do esporte conseguem
entender. Final em alto nível, com entrega, garra, suor, dedicação, classe,
jogadas estupendas e vôlei SUI GENERIS.
![Mosaico superliga feminina de vôlei Rio de Janeiro (Foto: Editoria de arte / Globoesporte.com) Mosaico superliga feminina de vôlei Rio de Janeiro (Foto: Editoria de arte / Globoesporte.com)](http://s2.glbimg.com/XvY_0xVrYUakn50SozhNKbjv9VvPD6UazbAJ0cWroJkiGhuq1aKsN_XWXEMowvch/s.glbimg.com/es/ge/f/original/2013/04/07/mosaico_volei.jpg)
DESABAFO
É lamentável
ver o esporte, que sempre traz medalhas em olimpíadas, passar por dificuldades.
Possuímos o melhor centro de treinamento, em excelência, e mesmo assim muitos
patrocinadores estão fechando as portas e muitos clubes se desfazendo.
Vergonha!
Não é um caso
esporádico de um título aqui ou acolá. Não! Desde 1992 o vôlei (feminino ou
masculino; quadra ou praia) sempre consegue buscar resultados expressivos. São
inúmeras medalhas olímpicas, títulos mundiais, Ligas Mundiais, Grand Prix, Copa
do Mundo, Pan-Americano, etc. Sem contar que as nossas categorias de base
também fazem bonito. Então, qual o motivo do descaso? Qual a razão da fuga dos
patrocinadores? Salvo engano, de forma leiga, alguém para de investir em alguma
coisa quando isso não lhe dá retorno. O que não é o caso.
Precisamos
parar com essa bobagem e babaquice de só olhar para o futebol. Amo o futebol.
Porém, sou apaixonado por esportes no geral. A seleção masculina (futebol) não vence mais
copas, perdeu a identificação com o público e mesmo assim ainda atrai diversos
investidores. Claro que isso vem de anos e é algo cultural. Fez por merecer.
Mas e o vôlei? Será que não merecemos uma liga mais forte e disputada? Claro
que sim.
Fico feliz ao
ver que somos os melhores do mundo e me sinto privilegiado quando assisto aos
jogos do Masculino e também do Feminino. Já somos uma potência do esporte. Mas,
para que novas gerações sejam criadas e modeladas, é preciso ter investimento,
confiança e parceiros que acreditem na causa. Não precisamos da criação de
um time hoje para que amanhã ele venha a fechar. O Vôlei, desde muito tempo, é
quem vem alcançado um patamar/status que ultrapassa o céu.
Parabéns,
meninas! Fica aqui o meu agradecimento ao Rio e Osasco. Muito obrigado por ter
permitido que eu assistisse a essa final inesquecível.
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