segunda-feira, 8 de abril de 2013

Rio de Janeiro é campeão (Octa) da Superliga Feminina




Em um jogo que ficará marcado para a história, o Rio/Unilever venceu o Sollys/Osasco na final da Superliga Feminina de vôlei. Com o resultado de 3 sets a 2, a equipe carioca faturou seu oitavo título na competição.

As duas equipes já estão cansadas dos confrontos em finais. Juntas, fizeram as últimas 9 decisões da competição e criaram uma hegemonia dentro do vôlei nacional. Seria importante que mais patrocinadores investissem nos clubes para que o nível aumentasse e mais equipes pudessem brigar pelo caneco. Voltando ao tema central, o Rio venceu 6 dessas 9 decisões.

Agremiações completamente diferentes. Começando pelos técnicos, que são totalmente distintos. Bernardinho é mais inquieto, brigador, mas nunca perde a lucidez tática. Já Luizomar segue a conduta do cara mais tranquilo e chega a ser incisivo quando o momento da partida lhe pede isso.

Analisando a questão tática, não há como discernir, a olho nu, as modificações. Só quem realmente acompanha o vôlei pode identificar que o Rio é mais obediente taticamente e brigador. Já o Osasco possui a vantagem da técnica superior. Um completaria o outro, caso quiséssemos transformar as duas equipes em uma só.

Diante de critérios tão minuciosos, os times entraram no Ibirapuera com a certeza de que boa coisa aconteceria. O próprio Bernardinho alertou suas meninas quanto a força de Osasco. Que, para falar a verdade, é uma verdadeira seleção. Mas nem tudo se resolve apenas no lado individual. A grande novidade ficou por conta da revisão de jogadas. Para quem assiste tênis, é aquele desafio que os jogadores pedem quando contestam alguma marcação dos árbitros.

O JOGO

Partida muito equilibrada no 1º set. As paulistas abriram boa vantagem em função do volume de jogo. No entanto, as cariocas foram buscar o placar com bolas bem categorizadas de Sarah Pavan. No fim, o bloqueio de Osasco falou mais alto e Adenízia fechou o primeiro set para o delírio da torcida. 25/22.

Muito equilíbrio no 2º set. Leve vantagem no saque para as paulistas, que também contaram com a boa recepção de Camila Brait. Assim como no set anterior, as cariocas foram buscar o placar. Porém, após o 16/15 a coisa mudou. Aparentemente nervosas, as comandadas de Bernardinho passaram a errar muito. Osasco agradeceu e, com o bloqueio de Fabíola, fechou em 25/19. Jogo definido, né? Leve engano.

O set que tinha tudo para ser o último da competição, acabou mostrando o porquê das cariocas estarem a tanto tempo no topo (junto com o Osasco). Errando menos e ficando sempre em vantagem no placar, o Unilever contou com um trio ofensivo iluminado: Gabi, Sarah Pavan e Natália começaram a derrubar as bolas. A confiança voltou, as paulistas não conseguiram reagir e o set terminou em 25,20 para o Rio.

O quarto set foi o sinal/demonstração da confiança e do moral elevado que o time azul engatou. Defendendo praticamente todas as bolas, ligadas no 220 e com Natália e Juciely em momento inspirado, a equipe empatou a partida ao vencer por 25/15. Luizomar ainda tentou mexer com a equipe ao substituir algumas jogadoras. Mas foi em vão.

Uma final desse porte só poderia mesmo terminar no tie-break. Mesmo com o apoio da torcida e dos gritos de incentivo que uma passava para a outra, Osasco sucumbiu diante de um time taticamente fechado, defendendo muito e com Natália vibrando muito...como se fosse a sua primeira final. O ponto derradeiro só poderia ser dela. A ponteira recebeu, atacou com violência e fechou o set e a partida em 15/09. Festa carioca.

Essa final só serviu para provar que, sim, o nosso vôlei é o melhor do mundo. Não é exagero afirmar que Osasco e Rio fazem o maior clássico mundial do voleibol. Não há como mensurar o que se passou nesta partida. Só os amantes do esporte conseguem entender. Final em alto nível, com entrega, garra, suor, dedicação, classe, jogadas estupendas e vôlei SUI GENERIS.

Mosaico superliga feminina de vôlei Rio de Janeiro (Foto: Editoria de arte / Globoesporte.com) (Foto: globoesporte.com)

DESABAFO

É lamentável ver o esporte, que sempre traz medalhas em olimpíadas, passar por dificuldades. Possuímos o melhor centro de treinamento, em excelência, e mesmo assim muitos patrocinadores estão fechando as portas e muitos clubes se desfazendo. Vergonha!

Não é um caso esporádico de um título aqui ou acolá. Não! Desde 1992 o vôlei (feminino ou masculino; quadra ou praia) sempre consegue buscar resultados expressivos. São inúmeras medalhas olímpicas, títulos mundiais, Ligas Mundiais, Grand Prix, Copa do Mundo, Pan-Americano, etc. Sem contar que as nossas categorias de base também fazem bonito. Então, qual o motivo do descaso? Qual a razão da fuga dos patrocinadores? Salvo engano, de forma leiga, alguém para de investir em alguma coisa quando isso não lhe dá retorno. O que não é o caso.

Precisamos parar com essa bobagem e babaquice de só olhar para o futebol. Amo o futebol. Porém, sou apaixonado por esportes no geral. A seleção masculina (futebol) não vence mais copas, perdeu a identificação com o público e mesmo assim ainda atrai diversos investidores. Claro que isso vem de anos e é algo cultural. Fez por merecer. Mas e o vôlei? Será que não merecemos uma liga mais forte e disputada? Claro que sim.

Fico feliz ao ver que somos os melhores do mundo e me sinto privilegiado quando assisto aos jogos do Masculino e também do Feminino. Já somos uma potência do esporte. Mas, para que novas gerações sejam criadas e modeladas, é preciso ter investimento, confiança e parceiros que acreditem na causa. Não precisamos da criação de um time hoje para que amanhã ele venha a fechar. O Vôlei, desde muito tempo, é quem vem alcançado um patamar/status que ultrapassa o céu.

Parabéns, meninas! Fica aqui o meu agradecimento ao Rio e Osasco. Muito obrigado por ter permitido que eu assistisse a essa final inesquecível.  





Nenhum comentário:

Postar um comentário