segunda-feira, 10 de junho de 2013

Bate-Bola com a Jaqueline Dubas

Boa tarde, leitores!

Hoje o papo é com a Jaqueline Dubas. Apaixonada por futebol, torcedora (fanática) do Coritiba (PR) e futura jornalista. 

 
Foto de Jaqueline ao lado do seu professor: O Pai

Mais uma vez: o intuito desse bate-bola, bem como outros que fiz, é o de acabar com preconceitos e estereótipos no que concerne o espaço da mulher dentro do mundo esportivo. Espero que vocês gostem, curtam e, quem sabe, compartilhem a ideia com outras amigas. Indo além: com amigos que ainda insistem com essa baboseira de que lugar de mulher é na cozinha.

O verde (cor) nas perguntas é uma singela homenagem da minha parte.



- Como surgiu essa paixão pelo futebol? 

Desde quando eu estava ainda no ventre de minha mãe. Meu pai, um apaixonado pelo esporte, tanto como jogador como torcedor, vivia nos campos, assistia programação esportiva todos os dias, e a minha mãe o acompanhava. Aliás, até hoje. Então, eu fui incentivada e me apaixonei pela modalidade e pelo Coritiba Foot Ball Club, Eu digo sempre: minha vida é o futebol.

- Quando você teve a certeza que queria ser jornalista? Quais as maiores razões para isso? 

Eu sempre disse que estudaria ESPORTES. Como eu gosto de falar dele, e não de praticar, acabei optando pelo jornalismo ao invés da Educação Física. Essa certeza eu tenho desde que comecei a escutar os jogos pelo rádio e soube que eu poderia fazer jornalismo para ser repórter. Busco meu sonho desde meus 13 anos. E olhe que eu queria ser narradora, rs. Imitar narração é comigo mesmo, mas ser repórter de rádio é o meu objetivo. Esse profissional é livre, corre o gramado todo. Hoje sou formanda em Letras e no próximo ano serei caloura em jornalismo. Tudo o que faço hoje é pensando no meu sonho de ser uma repórter esportiva.

- A paixão pelo Coritiba é latente para os que te conhecem. Você recorda como teve início esse amor pelo “Coxa”? 

Na barriga de minha mãe, rs. Minha família é coxa-branca e cresci ouvindo jogos, indo aos campos e escutando histórias do dia em que meu avô esteve na inauguração do Belfort Duart, hoje Couto Pereira. Minha avó contava: "seu avô iria aos jogos de paletó e gravata". E o clube é o nosso santo remédio. Se tiver Coritiba em campo, é hora de alegria, esquecemos o mundo e focamos no Verdão. 

 

Eu não escondo minha paixão pelo time e nunca farei isso mesmo escolhendo ser jornalista. Foi o meu clube quem me levou a pensar em tal carreira. Mas todos que me conhecem, sabem que profissionalismo não faltará.

- Quais os benefícios que a Copa pode proporcionar ao seu estado (Paraná)? Te agrada a ideia de realizar o torneio aí? 

Como apaixonada pelo futebol eu fico feliz pelo fato de Curitiba sediar a Copa. Mas não sei se estamos preparados para receber um evento desse porte. Os problemas são muitos: estádio que não é concluído, falta de organização, de união entre os clubes locais. Só veremos os benefícios no pós-copa. Por enquanto, só dor de cabeça. E mais: sabemos que nós, Paranaenses, não poderemos desfrutar desse futebol por ser um evento caro... para os bons de bolso.

- Qual o seu maior ídolo no futebol? Por quê? 

Meu “Professor” de futebol: meu pai. Ele joga e entende muito. Se tenho alguma dúvida de algo, é a ele quem recorro, pois é a minha fonte de inteligência futebolística. Agora, um ídolo dos gramados, nenhum em específico. Quando eu falo em ídolo, eu lembro dos jogadores dos quais me encantaram e me encantam. Eu sou apaixonada pelo futebol dos veteranos (meus 'véinhos') como Tcheco (aposentou-se ano passado, hoje trabalha no Coxa como auxiliar técnico), gosto de ver Harlei e Iarley (ex-dupla sertaneja do Goiás, hoje Harlei está no Goiás, mas o Iarley foi jogar no Paysandu, clube que fez história na libertadores). 

No Coxa, Pereira e Lincoln (Pereira, o bruto zagueiro, e Lincoln, o 'véinho inteligente). Claro que cito agora, o melhor camisa 10 de todos os tempos: ALEX DE SOUZA. Hoje eu agradeço a Deus pela oportunidade de ver o menino de ouro em campo. Eu tenho vários xodós, não ídolos. Idolatrar eu acho demais. Saindo do Brasil e passeando pela Europa, eu gosto de Rafinha (Bayern), Adriano (Barça), Puyol (zagueiro capitão), e o melhor jogador do mundo, Messi. Quando eu digo que tenho xodós, também lembro dos novos: Lewangol e Reus. Os jogadores que me encantam, eu passo a acompanhar mais de perto. De ídolo mesmo, meu pai. Os demais são xodós.

- Sabemos que ainda existem olhares negativos por parte da ala masculina (de alguns). Você sofre algum tipo de preconceito? Qual? E dentre eles, qual o que mais te incomoda a ponto de “comprar briga”? 

Alguns homens não aceitam muitas vezes o fato de uma mulher ter opinião própria quanto ao futebol, mas isso é fácil de driblar. Sempre tem um preconceituoso, mas aos poucos isso está acabando, e a mulher que fala e vive esse esporte, precisa estar preparada e enfrentar essa situação com calma.

Eu compro briga quando eu tenho uma opinião contrária. Aí é hora de persuadir o indivíduo até ele perceber que eu tenho minha própria opinião formada. Sempre tem aquele que tenta mostrar que você não entende da “coisa”. Eu pelo menos, quando não sei, pergunto. Não sou obrigada a ser a melhor. Não sei tudo.

- Qual a partida que jamais sairá da sua memória? (Presenciando no estádio ou fora dele). 

Coritiba x Santa Cruz em 2007. O ano de 2007 foi especial para mim. O Coxa passou por situações difíceis em 2005 e 2006. Lembro do jogo Coxa x Galo em 2006, quando o time precisava apenas vencer para subir, e perdemos de virada por 3x2, em casa, Couto lotado, e o Galo já campeão dessa edição. Resultado: passei mal dentro do estádio, a ponto de ser carregada até o carro pelo meu pai, hauahuah. 

Em 2007 a grande virada chegou, e o ano foi abençoado com os jogos inesquecíveis que aconteceram. Exemplo: duelo contra o Ipatinga, quando batemos 4 x o pênalti, aos 47' do 2º tempo, para vencermos por 1 x 0. Se não tivéssemos vencido, não seríamos os campeões no jogo contra o Santa Cruz. Jogo esse de matar o torcedor do coração. Ouça: 

(Anderson Lima e a paciência para repetir a cobrança. Quatro vezes? Foi de matar o torcedor).

Hoje, quando o Coxa está passando por um momento difícil, é isso que eu ouço, e já não tem como conter as lágrimas, porque você revive aquela data. Gol no último segundo, na última respiração, COXA CAMPEÃO DO BRASIL, e subimos ao nosso lugar por direito. 2010, 2011 e 2012 foram especiais: as duas finais na Copa do Brasil serão sempre lembradas. Mas foi mesmo em 2007 que descarregamos nosso sofrimento, e só quem é apaixonado pelo seu time sabe o que eu estou falando. Do choro pela perda do título no qual merecíamos, no último suspiro, com o gol do Henrique Dias. O choro se tornou alegria... de não acreditar que o futebol é tão surpreendente, e o nosso Coritiba é ALMA GUERREIRA.

- Como você vê o Coritiba para a disputa do Campeonato Brasileiro? Vai brigar pelo quê? 

Com a volta do Alex, o time tem um diferencial que não tivemos nas duas finais da Copa do Brasil: UM CRAQUE. Ele é craque, é torcedor do Coritiba, é motivador. Nós vamos ao Couto (estádio) e agradecemos pelo fato de vê-lo em campo com nosso manto. O Brasileirão é difícil, sabemos das dificuldades que os clubes de fora do 'eixo' enfrentam. Mas o nosso clube sempre foi guerreiro e unido. Com Alex, podemos brigar por uma libertadores, pois o título eu acho improvável. Eu sinto que esse ano voltaremos a encantar o Brasil. Aguarde!

- Futebol europeu: você torce/simpatiza por dois clubes da alemanha: Borussia Dortmund e Schalke 04. Quando isso tomou conta de você? E como é torcer para dois grandes rivais? 

Eu agradeço pelo fato de ser Brasileira e não Alemã, pois assim eu torço pelos dois clubes. O Schalke eu acompanho desde 2005, quando o Rafinha, cria do meu time, foi jogar na Alemanha. Até hoje não fui à Gelsenkirchen, mas um dia irei. A torcida do Schalke é fantástica. O Rafinha saiu de lá e mesmo assim o  acompanho até hoje. Adoro! 

O Borussia eu comecei a acompanhar agora. Então, eu simpatizo com os amarelos, e o grande clássico do Vale do Ruhr me encanta. Eu adoro a Bundesliga e tento acompanhar todos, em especial Schalke e Borussia. Mas só de pensar que o grande Dortmund está se desmanchando, me dá uma dor no coração. Futebol é isso.


- Quem é o melhor jogador do mundo? Quais as suas maiores qualidades?

Messi! E a maior qualidade desse craque é a HUMILDADE. Isso que o levou ao topo. Seu modo de jogar é excepcional. Messi é único. Dribles de entortar o caldo, gols de se rever mil vezes, ele é confiante e sabe que faz toda diferença. E mesmo assim, é humilde. É imensurável, e espero um dia ter a honra de vê-lo jogar ao vivo e em cores.


- Eliminatórias rolando e muitas favoritas perto de vir ao Brasil. Quais seleções você apontaria como favoritas ao título mundial? 

Na América do Sul a seleção argentina terá o diferencial: Messi. Brasil, como sede, deverá por obrigação buscar o título. Mas a seleção que está encantando a todos, e vemos que pode levar o caneco, é a seleção alemã.

- A copa do mundo está chegando. Alguns elefantes sendo construídos e a elitização em nossa cara. O que você pensa a respeito da elitização nos estádios? 

Já passou a época em que futebol era para todos. Hoje, se você ama seu clube, por exemplo, precisa e tem por necessidade ser sócio para ter maiores chances de acompanhá-lo de perto. Caso contrário, não conseguirá ir aos jogos devido ao alto custo. A Copa será para os ricos, mas quem está sofrendo com a realização dela somos nós, torcedores simples. Nem todos terão condições de ir aos estádios. Ou vai a um jogo, ou trabalha o resto da vida para pagar o ingresso. E aí dizem que futebol é o esporte de todos. Levantei essa questão  na semana passada, em sala de aula. Os alunos colocaram os seus argumentos na mesa e ninguém teve uma boa visão referente à Copa no Brasil, pois sabemos que nossa classe social sairá perdendo em todos os quesitos. Futebol que é bom, não poderemos ver, ficaremos na TV como se a copa fosse no outro lado do mundo, mas está ao nosso lado.

- Qual a importância dos esportes para o âmbito social em nosso país? 

Esporte é vida. As organizações esportivas pelo Brasil tiram muitas pessoas das ruas, dos caminhos das drogas e da violência. O futebol é um exemplo, mas algumas coisas mudaram. Exemplo disso, é que antes havia campinho de areia aberto por aí, e a “piazada” jogava e não tinham tempo para pensar em coisas ruins. Hoje, infelizmente, se quiserem jogar precisam pagar horário em quadras esportivas. Por isso, é importante as ações esportivas. Principalmente as realizadas pelas prefeituras.

- Quais os favoritos ao título do Campeonato Brasileiro? Por quê? 

Não vou apontar um favorito. Mas um dos clubes bem montadinho no Brasil e que dá gosto em ver jogar é o Galo. O Atlético enfrentou o Coxa aqui (Curtiba) e atuou com o time reserva. Mostraram muita qualidade. Os mineiros possuem um bom time principal e tem banco. Algo raro de acontecer, pois o mercado da bola no Brasil é fraco, os jogadores estão todos na Europa e é difícil negociar a volta de muitos. O BR é bem disputado. Não havendo casos de “roubos” no apito, e má fé contra alguns clubes, esse ano promete. Não tem como apontar um favorito.

- O nível do futebol europeu é tão superior ao do brasileiro? O que eles têm e nós não temos? 

Organização. Os campeonatos nacionais são bem organizados e há punição na Europa. Aqui os presidentes dos clubes deitam e rolam, e infelizmente o “eixo” é forte. A própria mídia divide o futebol brasileiro, esquecendo que o esporte é praticado em todo o país, e que temos boas equipes, bons estaduais espalhados pelo nosso país.

- Qual o seu maior sonho? (Dentro do futebol e no jornalismo)
Ser repórter esportiva, valorizar TODOS os clubes do Brasil, do norte ao sul desse. É o país da bola. Meu sonho é viajar por todo o território nacional, conhecer todos os estádios, entrevistar grandes jogadores e treinadores, e fazer a diferença no jornalismo. Eu não quero ser famosa. Mas sim, fazer o que amo.

- Taticamente falando, qual equipe (mundo) mais te agrada e faz você não tirar os olhos da telinha? Explique as razões. 

Barcelona. Jogam uma bola federal. O Barça encanta qualquer apaixonado por futebol (tirando os rivais). Quando estão jogando, fico grudada na tela e não perco um lance. Mas esse ano outro clube me agradou: Borussia Dortmund. Não só a torcida me deixou apaixonada, os jogadores também. Lewangol, Reus, Gotze, Sahin, Hummels, entre outros. Você não tira os olhos da telinha, rs. 

- Jaqueline, desde já agradeço a sua disponibilidade. Qual o recado que você daria para as meninas que ainda sentem receio em expor as suas colocações sobre futebol? 

Se você ama, não sente receio. Está no sangue, na veia, não há medo. Você vai ao estádio, expõe sua opinião, grita, chora, faz o que der na telha. Futebol é de todos, é nosso.

Aproveito e digo: um dia eu vou curtir o futebol que o meu pai e o meu avô presenciaram. E não me refiro ao lado mercenário da modalidade. Muitas pessoas acham que futebol é apenas negócio. É um sentimento, é amor, é vida.

Obrigada pela oportunidade. E aos loucos por futebol, aquele abraço.


 




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